11/06/10 12h13

Companhias nacionais avançam no exterior

Valor Econômico

Ter um escritório fora do Brasil é hoje quase um imperativo para as empresas nacionais de tecnologia da informação (TI). Seja para atender à demanda de um cliente específico, ou para buscar novas fontes de receita, a internacionalização é um caminho cada vez mais importante para manter a trajetória de crescimento do negócio. Mas o processo não é tão simples. Diferenças culturais e na forma de fazer negócios são alguns dos desafios enfrentados. O principal empecilho, no entanto, é a falta de conhecimento das credenciais das empresas brasileiras para desenvolver software e prestar serviços de TI.

Para quebrar essas resistências, as companhias estão ingressando em uma nova fase de internacionalização, marcada pela contratação de executivos dos países onde estão suas principais filiais no exterior. "Existe um senso de curiosidade no fato de empresas da América Latina e do Brasil estarem entrando no mercado europeu", diz o belga Christopher Neut, recentemente recrutado pela Stefanini para comandar a expansão da companhia de software na Europa. A expectativa é de que nos próximos quatro anos o continente passe a representar 10% do faturamento total. Hoje, as atividades na região - concentradas na Espanha, em Portugal, na Itália e na Inglaterra - representam 4% da receita. Para Neut, a oportunidade é mostrar a companhia como uma alternativa aos fornecedores indianos, europeus e americanos de serviços de TI.

A internacionalização é um passo importante para que as companhias nacionais mantenham o ritmo de crescimento acelerado obtido nos últimos anos. Com a expansão fora do país, a ideia é acompanhar clientes nacionais que também estão indo para o exterior e compensar eventuais perdas no mercado nacional, cada vez mais disputado. As receitas vindas de fora do Brasil ainda representam, em média, menos de 5% do faturamento das companhias brasileiras de TI, mas a tendência é de crescimento.

Na Totvs, o argentino Carlos Maiztegui será um dos responsáveis pela expansão da empresa na América do Sul. "Já temos representações no Uruguai, no Paraguai, na Bolívia e no Chile. Ainda estamos fazendo contatos no Peru e Equador", diz o executivo. Pela sua experiência recente, as diferenças culturais entre os países sul-americanos não é mais um entrave para fazer negócios na região. "Culturalmente, sempre tivemos a imagem de o que vinha da América do Sul não era tão bom. Hoje, isso não acontece mais", afirma.