15/08/11 17h48

Companhias fizeram 62% dos gastos em pesquisa e desenvolvimento

Valor Econômico

São Paulo atingiu 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual nas despesas com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2008, o equivalente a R$ 15,5 bilhões. A maior parte dos gastos ocorreu nas empresas. O estudo Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) aponta que as companhias foram responsáveis por 62% do dispêndio na área, o correspondente a 0,94% do PIB estadual.

O total destinado pelo Estado à P&D em relação ao PIB, em 2008, superou o de países como Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, China, Índia e todos os países da América Latina. Mas inferior ao do Canadá, Reino Unido, França, Taiwan e à média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 2,3% do PIB regional.

Segundo o levantamento, no país todo, as despesas com pesquisa atingiram R$ 34,2 bilhões, correspondente a 1,14% do PIB nacional - apenas 35% desse total veio das empresas. Sem contar com São Paulo, o total de dispêndio do Brasil naquele ano cairia para 0,88% do PIB.

O diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, avalia que - da mesma forma que a proporção de pesquisadores entre empresas, instituições de ensino e institutos - o dispêndio efetuado pelas corporações privadas refletiram as diferenças do estágio de desenvolvimento industrial das regiões brasileiras.

Para ele, tanto as empresas como as universidades brasileiras com maior destaque estão em São Paulo, o que pode apontar para um caminho da competitividade em ciência e tecnologia com outros países.

No dispêndio com P&D em São Paulo, os investimentos federais para o financiamento de pesquisas somavam apenas 13%, enquanto em outros Estados chegavam a 53%. "A política federal desfavoreceu São Paulo. É completamente defensável uma política nacional de financiamento de pesquisa procurar reduzir as desigualdades. Mas deve ser feita na medida correta porque o investimento público deve estar conectado com o mérito e a qualidade", pondera.

O dispêndio do poder executivo paulista em P&D correspondia a 24% do total investido na área, enquanto no conjunto dos demais estados equivalia a 8,4%. Comparado a 1995, quando os indicadores passaram a ser divulgados, o dispêndio do governo de São Paulo cresceu 47%, e o do federal avançou apenas 3%.

"Quando a economia começa a crescer, não é possível manter esse arrocho. É preciso recuperar o esforço", avalia o diretor científico da Fapesp. "O Estado de São Paulo é responsável pela metade dos doutores e por 40% do total de engenheiros formados no país, que vão trabalhar em outros Estados. São Paulo é ainda responsável por metade da ciência que se cria no Brasil, em termos de artigos científicos e de circulação internacional. Assim, a política federal tem de olhar para isso também".