26/04/11 14h43

Companhias de ônibus buscam inspiração em trens e aviões

Valor Econômico

O expressivo crescimento do transporte aéreo de passageiros está fazendo com que as empresas de ônibus sofistiquem seus serviços para, ao menos, manter seus volumes de passageiros. Os números têm ficado estáveis nos últimos três anos, influenciados pela migração dos clientes para os aviões. Enquanto em 2010 o fluxo de passageiros em voos domésticos cresceu 23,5%, impulsionado pela nova classe média, a quantidade de pessoas nas três principais rodoviárias de São Paulo (Tietê, Barra Funda e Jabaquara) passou de 30,3 milhões para 30,6 milhões de 2009 para 2010, apenas 1% mais, segundo a administradora Socicam.

A Pássaro Marron, com forte atuação no Vale do Paraíba, está pondo mesas para reuniões de negócios ou para apoiar o notebook, assim como as existentes em cabines de trens da Europa, em 35 ônibus da Airport Bus Service, serviço que liga os aeroportos de Congonhas e de Guarulhos e este último a diversos pontos de São Paulo. "Nosso foco é o público executivo. Cada vez mais queremos levar o passageiro a se sentir no mesmo ambiente que o transporte aéreo", diz o diretor de transportes da Pássaro Marron, Miguel Petribu. Segundo ele, este ano serão aplicados R$ 33 milhões (US$ 20,6 milhões) para renovar 20% da frota de 428 ônibus.

A Auto Viação 1001 conquistou a liderança da "ponte rodoviária" entre o Rio e São Paulo, com 35% de mercado, ao oferecer facilidades como o totem de autoatendimento, muito parecidos com os equipamentos de check-in antecipado das aéreas, para quem compra a passagem pela internet. Com isso, a empresa está eliminando longas filas de clientes que tinham de ir ao guichê com documento com foto para retirar sua passagem. "O setor aéreo está sempre atento à competição no trecho Rio-São Paulo, onde fazemos a maior questão de manter nossos números no nível que estão hoje", afirma o superintendente da 1001, Heinz W. Kumm Júnior.

Segundo o executivo, na comparação de 2010 com 2009, a empresa teve queda de 4% no volume de passageiros transportados entre as duas capitais por causa da concorrência com as empresas aéreas. Para 2011, ele acredita que vai recuperar a perda do ano passado. Seu faturamento em 2010 foi de R$ 387 milhões (US$ 220 milhões), ante R$ 334 milhões (US$ 169,5 milhões) de 2009. Para 2011, a projeção é de expansão de 10%. A 1001 investiu R$ 2 milhões (US$ 1,25 milhão) para montar duas salas, batizadas de "net", uma na rodoviária do Tietê e outra na Novo Rio, no Rio de Janeiro. A companhia planeja desembolsar R$ 82 milhões (US$ 51,3 milhões) para comprar 180 ônibus, principalmente para linhas dentro do Estado do Rio.

A Viação Águia Branca também estuda como seu passageiro poderá comprar o bilhete pela internet e embarcar no ônibus sem passar pelo guichê na rodoviária. A empresa já usa uma estratégia típica das aéreas: desconto de até 30% em dias e horários de menor movimento para quem compra com antecedência. Pássaro Marrom e 1001 estudam ainda implementar programas de fidelidade. "Há poucos anos o Brasil só tinha o modal rodoviário. Hoje, com o crescimento da aviação regional, o setor aéreo está ocupando um espaço que é dele", diz a diretora de comercial e de marketing da Viação Águia Branca, Paula Correa.

A Viação Águia Branca faturou R$ 258 milhões (US$ 146,6 milhões) em 2010, ante R$ 240 milhões (US$ 121,8 milhões) no ano anterior. Para 2011, Paula estima crescimento de 5% e 11,2 milhões de pessoas transportadas, frente às 11,06 milhões de 2010.