Companhias alemãs reforçam atuação no país
Valor EconômicoDe olho no potencial de crescimento do mercado brasileiro, a Associação dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos da Alemanha (VDMA, na sigla em alemão) criou um braço no país. A entidade reúne 3 mil empresas, das quais mais de 200 com operações no Brasil, e decidiu adotar uma estratégia "anticíclica" para estimular os negócios num momento de incerteza em relação ao desempenho da economia local, diz o diretor-executivo Thomas Ulbrich.
"O Brasil é um país de altos e baixos, mas ao longo do tempo sempre cresceu e as empresas alemãs investem pensando nos resultados que virão em dois ou três anos", diz Ulbrich. Segundo ele, a maior parte das associadas da VDMA é de pequeno e médio porte e a intenção é tanto atrair novas operações para o Brasil quanto elevar o número das empresas que estão aqui a iniciar ou ampliar a produção local.
A estimativa da entidade é que metade das fabricantes de máquinas alemãs com filiais no país tem produção local. A possibilidade de expansão, entretanto, aparece no crescimento das importações de equipamentos alemães por brasileiros, que foram de € 1 bilhão para € 3 bilhões por ano na última década. A Alemanha é o quarto maior parceiro comercial do país, atrás da China, Estados Unidos e Argentina, com fluxo de comércio de US$ 21,7 bilhões em 2013.
Criada no ano passado, a representação brasileira da VDMA pretende ser um ponto de referência para as fabricantes alemãs com atuação no país, além de estabelecer uma rede de contatos entre elas e auxiliá-las a lidar com o emaranhado legal, tributário e regulatório local. A entidade defende o fim da bitributação sobre as empresas com operações nos dois países e o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas ainda se considera pequena para atuar na área de relações bilaterais.
"O Brasil é muito burocrático, tem uma legislação muito complexa e queremos evitar surpresas negativas para as empresas alemãs que se estabelecem aqui", diz o presidente da entidade, Michael Teschner. Segundo ele, os problemas para operar no país incluem ainda a carga tributária elevada, as altas taxas de juros, os custos das matérias-primas e a menor produtividade do trabalho, mas o mercado europeu está "saturado" e as indústrias precisam buscar outras oportunidades de negócios.
"O aço inoxidável, por exemplo, é 30% mais caro aqui do que na Alemanha", compara Teschner, que é presidente da Multivac, indústria de máquinas para produção de embalagens com 52 funcionários em Campinas e Curitiba. De outro lado, as tarifas de importação que acabam equiparando os preços das matérias-primas nacionais com as importadas e os financiamentos do BNDES contribuem para a produção local, entende.