25/03/11 11h46

Companhia brasileira entra na disputa pelo mercado de antivírus

Valor Econômico

O empresário João Eduardo diz já ter preparado seus funcionários para não se abalarem com os questionamentos que possam receber sobre a empresa na qual trabalham - " AVware? Quem são vocês? Empresa brasileira?", diz ele. O motivo da estranheza tem um motivo: a recém-criada AVware quer ser a primeira empresa brasileira a competir com produtos internacionais estabelecidos no mercado de antivírus, como Norton, McAfee e Symantec. Na avaliação de Eduardo, alguns fatores contribuem para as aspirações da AVware. O primeiro deles é o perfil dos computadores usados em casa pelos brasileiros. "A maior parte das máquinas aqui é menos potente do que as usadas nos Estados Unidos e na Europa, onde são criados esses sistemas antivírus. Nós criamos um produto leve, de olho no Brasil", diz.

Outro ponto positivo seria a estrutura de desenvolvimento e suporte técnico locais. "O país sofre com vírus regionais, voltados principalmente ao roubo de informações bancárias. Por causa de sua estrutura, as empresas estrangeiras têm mais dificuldade para responder a essas ameaças locais", afirma. A estrutura da AVware ainda é tímida frente à de seus concorrentes: são 31 pessoas entre pesquisadores de ameaças e a estrutura de suporte técnico para o produto. Até o fim do ano, a companhia projeta atingir um faturamento de R$ 600 mil (US$ 353 mil).

O programa da AVware chega ao mercado custando R$ 49,90 (US$ 29,35) no site da empresa. Eduardo explica, no entanto, que o preço é variável. Na estratégia de lançamento do produto, que conta com palestras em universidades sobre segurança on-line, o valor pode cair para R$ 19,90 (US$ 11,71). Eduardo aposta no modelo de download de software para distribuir o AVware. A princípio, não está prevista a venda de caixas do produto no varejo. Essa possibilidade será avaliada se a companhia perceber que há demanda.

A ideia de criar uma empresa brasileira de antivírus nasceu há cinco anos, quando o empresário trabalhava em uma empresa taiwanesa de segurança. Ao deixar a companhia, ele decidiu montar seu próprio negócio. O projeto foi reforçado pelo desenvolvedor Bruno Stuani, que partilhava do mesmo interesse. No começo de 2010, a AVware recebeu um aporte da BluPex, empresa de segurança com sede em Limeira, no interior de São Paulo. Em 12 meses, a companhia investiu R$ 1,2 milhão (US$ 705,9 milhões) no negócio. De acordo com Eduardo, o plano de crescimento da AVware está sendo feito com cautela. "Não podemos errar. Se tivermos um problema que seja, acabou".