15/09/10 15h47

Compacto é a nova moda em imóveis

Valor Econômico – 15/09/10

O compacto está na moda. Pequenos, mas cheios de charme e personalidade, carros e apartamentos de luxo em versão reduzida ganham a cena das grandes cidades. No cíclico e previsível mercado imobiliário, depois das salas comerciais, agora as construtoras apostam nos apartamentos de um e dois dormitórios em regiões nobres. Como nos carros, os imóveis possuem os opcionais de uma versão de luxo e - claro - embutem esses diferenciais no preço.

Segundo incorporadoras e empresas de vendas, o preço do metro quadrado desse tipo de produto oscila entre R$ 7 mil (US$ 4 mil) e R$ 11 mil (US$ 6,3 mil) o metro quadrado. O que significa dizer que um apartamento do mesmo tamanho ou até menor que o popular Minha Casa, Minha Vida chega, em média, a R$ 500 mil (US$ 285,7 mil). "É um produto feito para regiões onde há pessoas jovens e com remuneração muito acima da média", diz Emilio Fugazza, diretor da Eztec, que lançou edifício no Campo Belo a partir de 50 metros quadrados a R$ 7,5 mil (US$ 4,3 mil) o m2. Itaim, Vila Olímpia, Jardins, Vila Madalena e Pinheiros são os bairros que abrigam os "compactos premium".

O público é o jovem solteiro, casais e descasados - que querem morar e trabalhar no mesmo lugar, estar a alguns passos de distância de restaurantes badalados - além da nova leva de investidores que começa a experimentar o mercado imobiliário. Existe demanda, portanto, tanto do lado do investidor, quanto do morador - equação perfeita. "São pessoas que abrem mão de espaço para estar em uma localização menor, é o que sempre aconteceu nas grandes metrópoles", diz João Azevedo, diretor de incorporações da Even. Para aproveitar a demanda, a empresa está readaptando seu banco de terrenos: iria lançar apartamentos de mais de 200 m2. Chegou a mudar os projetos que já estavam em aprovação na prefeitura. Trocou um lançamento de 250 m2 por apartamentos de 45 e 60 m2 no Campo Belo e vendeu tudo em uma semana. Já tratou de fazer o mesmo em um outro terreno.

O empresário Alexandre Frankel abriu, há dois anos, uma incorporadora para fazer exatamente esse tipo de produto. "Me acostumei a trabalhar com problemas de herança e terrenos cheios de problemas", diz. "Gasto boa parte do meu tempo nisso, mas é a matéria-prima desse tipo de imóvel", completa. As grandes empresas não têm o mesmo tempo e disposição para negociar vinte casinhas ao mesmo tempo e, muitas vezes, pagar à vista. No fim do ano passado, a Vitacon vendeu em uma semana apartamentos de 43 m2 a R$ 320 mil (US$ 183 mil). Comprou o terreno ao lado e irá fazer um super compacto. Não sabe ainda o preço final, apenas que ficará acima de R$ 9 mil (US$ 5,1 mil) o metro quadrado. No primeiro semestre, foram lançadas 1632 unidades de um dormitório em São Paulo, 371% acima do mesmo período do ano passado, segundo o Secovi.