02/05/07 16h20

Commodity atrai capital para o País

O Estado de S Paulo - 02/05/2007

Os preços elevados das commodities (produtos que têm cotação definida em bolsas de mercadorias) internacionais não estão só contribuindo para criar saldos recordes na balança comercial brasileira, apesar da valorização do real. Estão ajudando o Brasil a receber mais investimentos estrangeiros diretos (IED), recursos do exterior aplicados no setor produtivo. De acordo com dados do Banco Central (BC), o setor de extração de minerais metálicos viveu no primeiro trimestre deste ano uma nova rodada de investimentos significativos vindos do exterior, recebendo 4,9% dos US$ 6,6 bilhões que ingressaram no Brasil como IED. O volume de US$ 322 milhões investido na indústria extrativa no primeiro trimestre foi apenas US$ 71 milhões menor que o verificado em todo o ano de 2006, quando a participação do segmento no total de IED foi de apenas 1,8%. Em comparação com os três primeiros meses do ano passado, quando entraram no País apenas US$ 31 milhões para o setor, os investimentos foram dez vezes superiores. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou ao Estado que o ambiente de crescimento da economia mundial eleva fortemente a demanda por metais, aumentando os preços das commodities metálicas, como minério de ferro e ouro. Mas não é só o extrativismo mineral que tem atraído mais investidores estrangeiros para o Brasil e ganhado espaço na pauta de IED. A indústria de transformação, que em 2006 recebeu 38,5% dos investimentos produtivos que vieram para o Brasil, ante 30,2% em 2005, fechou o primeiro trimestre deste ano com 40,4%. O dado de 2007 está inflado por uma operação de troca de ações realizada pela multinacional Bunge com uma filial brasileira, com impacto nulo nas contas externas. Mesmo assim, setores importantes da indústria, como o automobilístico, têm recebido mais investimentos. A contrapartida do maior direcionamento de IED para a indústria de transformação e para o extrativismo mineral neste início de ano está sendo a perda de espaço dos serviços, que receberam 50,7% dos dólares que entraram no Brasil. No final do ano passado, o setor representou 54,5% e, em 2005, 59,7% do total.