02/08/07 11h06

Comissão do etanol traça estratégias para elevar oferta e demanda globais

Valor Econômico - 02/08/07

Criada no fim de 2006 para traçar as estratégias de desenvolvimento do mercado de agroenergia nas Américas, a Comissão Interamericana do Etanol está prestes a confirmar sua vocação para atuar no comércio global e já começa a desenhar as primeiras garantias ao consumo da futura commodity. De atuação inicialmente hemisférica, em breve a comissão deve incorporar o "internacional" ao nome com a adesão do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González. Convidado para integrar o "board", González compartilharia o entusiasmo pela iniciativa e, ainda mais importante, representaria os interesses da Europa, outro expressivo consumidor potencial do etanol - como o Japão do ex-premiê Junichiro Koizumi, recém-agregado à direção, hoje composta pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, e o atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luís Alberto Moreno. Ao mesmo tempo em que ganha musculatura política, a comissão também começa a apresentar as primeiras idéias concretas.A proposta é atrelar o volume das exportações ao consumo interno de cada país. Assim, explica-se, haveria uma condição preliminar para levar à elevação do consumo na América Latina. Para entrar no "jogo do etanol", os países precisam produzir o combustível e elevar sua demanda interna, o que redundaria na elevação e na consolidação do comércio global do produto. Um projeto-piloto em El Salvador deve servir como vitrine para os potenciais novos participantes do mercado. Em outra frente, executivos da comissão começam a planejar ações para preservar a imagem de um produto "essencial" ao meio ambiente, "socialmente justo" e "acessível" a todos os países. O etanol tem sofrido com crescentes ataques e classificado até como "sujo" em razão de alegadas conseqüências sociais, ambientais e econômicas do cultivo da cana. Para desarmar os ataques, a estratégia inclui destaques à participação de pequenos produtores no processo de produção da cana-de-açúcar, o respeito aos direitos de trabalhadores e a recomendação para se evitar o cultivo da matéria-prima em áreas de florestas e cerrado brasileiros. Mas, sobretudo, a comissão quer reforçar a mensagem de que a cana não ameaça o espaço da agricultura de alimentos - milho, soja e trigo. O Departamento de Estado americano deve auxiliar nas ações com sua diplomacia em diversos países.