05/11/08 15h17

Comércio exterior ganha nova linha

Valor Econômico - 05/11/2008

O Banco Central inaugura hoje uma nova linha de empréstimo em moeda estrangeira para financiar exportações, com um leilão de US$ 2 bilhões, tomando como garantia operações de Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) e de Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE). Ontem, o BC divulgou os detalhes operacionais da linha, que foi criada pela Medida Provisória 442. Os empréstimos terão prazo de seis meses e os juros cobrados serão a Libor, hoje pouco abaixo de 3% ao ano, mais uma taxa adicional definida em leilão. Essa é a terceira linha em dólares ativada pelo BC para restabelecer os financiamentos ao comércio exterior. A crise provocou corte de empréstimos internacionais aos bancos, que ficaram sem recursos para repassar aos exportadores. O BC criou um sistema de leilão para assegurar que os dólares emprestados na nova linha sejam direcionados ao comércio exterior no prazo de um mês. Por esse mecanismo, a liberação dos recursos aos vencedores do leilão será feito em duas etapas. Primeiro, o BC irá fazer uma operação de venda de dólares aos bancos, com a recompra da moeda dentro de um mês. Depois, será feita uma operação de empréstimo em moeda estrangeira, com prazo de cinco meses, usando ACCs e ACEs como garantia. Na primeira fase da operação, os vencedores do leilão vão receber dólares do BC e, em troca, entregar reais. Os bancos terão, então, um mês para usar os dólares na contratação de operações de ACC e de ACE com clientes. Ao fim desse prazo, a operação de venda de dólares será desfeita. O BC devolve os reais aos bancos e recebe os dólares de volta. Simultaneamente, o BC fará outra operação de empréstimo em moeda estrangeira , recebendo como garantia os ACC ou os ACEs. Segundo explicações do BC, os recursos usados na nova linha virão das reservas. Portanto, nada tem a ver com o acordo de troca de moedas de até US$ 30 bilhões fechado com o Federal Reserve. Os empréstimos vão afetar apenas temporariamente as reservas no conceito de caixa. Elas cairão quando o BC liberar os dólares aos bancos e voltarão a subir quando o empréstimo for pago. As reservas no conceito de liquidez internacional não mudam.