12/11/20 12h37

Comércio eletrônico segue aquecido em Rio Preto

Lojas de venda e de manutenção de equipamentos eletrônicos registram fluxo de vendas superior ao de 2019 - ainda que agora tenham caído em relação ao pico da pandemia - o que mantém preços altos

Diário da Região

Oito meses depois do início da pandemia, segmentos do comércio que registraram um pico de vendas nos primeiros meses de quarentena seguem aquecidos em Rio Preto. É o caso das lojas especializadas no comércio e na manutenção de equipamentos de informática, que ainda registram resultados positivos, graças às regras de distanciamento que influenciam a realização de eventos e atividades online. Mas, a alta demanda por produtos e a dificuldade na reposição do estoque mantiveram os preços mais altos.

Apesar de o movimento de clientes ter registrado queda gradual a partir de julho, o número de vendas e de consertos ainda é superior ao que foi registrado no mesmo período do ano passado, afirma Ricardo Polezi, proprietário da Microplay Informática. "O mês de novembro só está começando, mas já está melhor do que foi no ano passado. Normalmente, esses dois últimos meses do ano são mais fracos, mas estamos vivendo um momento bastante atípico e podemos esperar bons números".

Faltando pouco menos de dois meses para encerrar o ano, a empresa já superou em 40% o faturamento de 2019. Segundo Polezi, nesses últimos dois meses as vendas estão sendo aquecidas por empresas que estão adotando o modelo de trabalho home office só agora e por pessoas que estão em busca de incrementar os equipamentos que tinham em casa.

Depois do pico de vendas nos primeiros meses da pandemia, que provocou a falta de produtos nas prateleiras, os estoques estão mais controlados, diz o proprietário da Easy Informática, Eraldo Malheiro. O volume de vendas no final de outubro e nos primeiros dias de novembro também está tendo recuo, mas ainda é maior que o período pré-pandemia.

O empresário destaca, no entanto, que essa queda no movimento registrada no mês de novembro já é algo cultural, causado pela aproximação da temporada de promoções. "Todos os anos percebemos essa movimentação dos clientes. Alguns chegam a fazer orçamento conosco, mas esperam a chegada da Black Friday. Por isso, não conseguimos saber se novembro está devagar porque o movimento voltou ao normal ou se é motivado pela Black Friday".

No mês de maio, a loja registrou o pico de vendas: 70% de crescimento se comparado com o mesmo mês do ano passado. Nos meses subsequentes, as vendas continuaram altas, mas com um recuo gradual de 10% por mês. "A procura foi geral. Tudo que se precisa para fazer home office era vendido. Parte estrutural, energia, equipamentos, acessórios e até cadeiras. Nós tínhamos adaptadores que estavam há dois anos parados no estoque e que também foram todos vendidos".

A procura por fones de ouvido, webcam e headphones ainda continua alta. "Só não vendemos mais porque não tínhamos no estoque".

Na Tricolor Informática, a venda de microcomputadores para jogos está impulsionando o aumento nas vendas. Segundo o gerente Alan Andreoti Pinto, esses modelos de computadores custam em média R$ 5 mil, pois possuem componentes que proporcionam alto nível de processamento, necessários para rodar jogos de alta resolução. "Antes da pandemia, o tipo de público que adquiria esse tipo de produto era formado por adultos que gostavam de jogos. Agora, vemos muitos pais comprando os PC's para os filhos", diz.

A falta de atividades ao ar livre, a necessidade de ter um computador em casa para as atividades escolares e o fato de conseguir ficar mais próximo das crianças seriam alguns dos motivos para os pais passarem a investir nos modelos mais caros. "É um mercado que está crescendo muito e acreditamos que continua no próximo ano, já que nossa expectativa é de que os preços voltem próximo da normalidade", afirma.

Alta do dólar e falta de estoque encarecem preços

O aumento na demanda por computadores e acessórios de informática provocou um desabastecimento do mercado. A falta de produtos, somado à alta do dólar, fez os preços dispararem nas prateleiras. Em geral, esse aumento variou entre 30% a 40%. Mas alguns itens tiveram reajuste superior a 200%.

Entre os itens mais buscados durante a pandemia, a webcam foi a que sofreu maior reajuste. Entre os meses de janeiro e fevereiro, o preço de custo do equipamento girava em torno de R$ 40 e subiu para R$ 250 depois da pandemia - um reajuste de 525%, destaca Ricardo Polezi.

"Foi um dos principais itens procurados e até hoje a gente segue com dificuldade de encomendar. Nossa expectativa é de que no início do ano que vem os preços voltem a baixar. Mas sabemos que eles não serão como era antes, porque tudo é influenciado pelo preço do dólar", diz.

Tudo o que foi comprado das distribuidoras depois de maio e junho já veio com os preços reajustados, diz o empresário Eraldo Malheiro. Ele explica que um notebook que era vendido por R$ 2 mil, hoje não é encontrado por menos de R$ 2,5 mil. "Os equipamentos tiveram um reajuste geral de 30% a 40%. Nós adotamos a política de não mexermos no preço dos produtos que tínhamos no estoque. Mas tivemos que repassar para o cliente os novos valores".

Com a alta dos preços, em muitos casos os clientes preferiram consertar os equipamentos antigos em vez de investir em um novo produto, diz Alan Andreoti Pinto. "O que aconteceu foi que as pessoas preferiram gastar R$ 500 para arrumar o computador antigo do que pagar R$ 3 mil em um novo modelo. Elas estão optando por dar uma sobrevida ao equipamento antigo e esperar os preços caírem", diz. (FN)

Cresce busca por suporte técnico

Sediada em Rio Preto, a empresa Verhaw atua na terceirização de serviços e infraestrutura de Tecnologia da Informação. Especializada no atendimento a empresas, a Verhaw registrou um crescimento na demanda de trabalho devido ao maior número de companhias que passaram a adotar o modelo home office, afirma o CEO Sérgio Rosa. "Com a necessidade de trabalhar em casa, tivemos aumento na demanda por equipamentos como notebooks, conexão segura, segurança de dados, análise de desempenho e suporte remoto", afirma.

Além da região de Rio Preto, a Verhaw atende clientes de todo o Brasil com mais de 10 mil ativos espalhados pelo território nacional. Rosa destaca que o foco da empresa é oferecer uma solução completa de diversos tipos de equipamentos juntamente com serviços de suporte. "Tivemos um aumento substancial neste sentido. "A grande dificuldade foi fornecer conectividade, questão de link, entrada de dados, saída de dados e segurança".

Além das empresas que já faziam parte da base de clientes, a Verhow recebeu a procura de novos clientes interessados no serviço de assistência, o que inclui o aluguel de equipamentos como microcomputadores e notebooks. "Se eu tivesse 30 mil computadores em estoque, teria ido tudo. Houve uma grande procura principalmente por empresas querendo notebooks para os funcionários que passaram a trabalhar de casa", diz.

Além dos novos contratos, a empresa manteve todos os clientes antigos durante o período de pandemia. Segundo Rosa, por conta da procura, alguns produtos novos foram criados especificamente pensando nesse cenário onde a maioria das pessoas estava trabalhando de casa, os gestores de equipes enfrentaram grandes desafios e precisavam de ferramentas de apoio de gestão. "Entendemos que essa é uma movimentação que vai ser incorporada na rotina das empresas".

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/2020/11/1212564-comercio-eletronico-segue-aquecido-em-rio-preto.html