Comércio do Brasil com a Turquia bate recorde e alcança US$ 2,2 bi
Segundo o Mdic, essa foi a maior corrente de comércio registrada desde 2000; ontem, associações comerciais dos dois países assinaram acordo de cooperação e intuito é aumentar negócios
DCIO volume das trocas comerciais entre o Brasil e a Turquia alcançou US$ 2,289 bilhões em 2017, o maior já registrado pela série histórica do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), que teve início em 2000.
Houve aumento tanto nas exportações quanto nas importações. No ano passado, as vendas brasileiras avançaram pelo quarto ano seguido, ao chegarem a US$ 1,820 bilhão, acréscimo de 25,8% em relação a 2016. Já as compras do país euro-asiático subiram 18%, a US$ 468 milhões, o que fez com que o Brasil fechasse com um saldo positivo de US$ 1,351 bilhão.
Empresários brasileiros e turcos pretendem elevar o volume comercial entre os dois países, no entanto avaliam que, para isso, acordos para reduzir barreiras tarifárias e simplificação aduaneira serão necessários.
Em uma rodada de negócios ontem na capital paulista, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) assinou um acordo de cooperação com a Turkish Exports Assembly (TIM), uma organização turca semelhante à ACSP.
“Este é um acordo mais voltado para aproximar a relação entre as duas associações, estreitar os laços”, explica o vice-presidente da ACSP, Roberto Ticoulat, acrescentando que a parceria deve facilitar o contato entre as companhias nacionais e turcas.
Interesse em alta
A diretora e fundadora da L.Bittar Partners, Luciana Bittar, observa que têm crescido o interesse de empresas turcas no Brasil nos últimos meses e vice-versa. Ela conta que, desde novembro de 2017, já ocorreram três rodadas de negócios entre as nações, sendo que a próxima será em abril.
A L.Bittar Partners, explica Luciana, é uma consultoria que atua como uma “ponte” entre empresas brasileiras e turcas. Um dos projetos mais recentes que a empresa vem desenvolvendo é na área de construção civil. “Queremos trazer ao Brasil companhias turcas de construção civil pesadas, não só para investir aqui, como também para fazer parcerias com as companhias brasileiras visando projetos nos países da África, Europa e na própria Turquia”, diz ela, destacando que os turcos têm interesse em complementar a sua tecnologia com o know-how (conjunto de conhecimentos) que o Brasil já tem em infraestrutura, setor que, por outro lado, foi muito impactado pela crise econômica e pela operação Lava-Jato.
“Pelo Brasil, se tem acesso à América Latina e à América Central e, pela Turquia, há possibilidade de entrada no Irã, na Europa Oriental, Oriente Médio”, ressalta Luciana sobre o potencial de parcerias empresariais entre os dois países. Ela relata que a Turquia desenvolveu bastante a sua indústria nos últimos 12 anos e que muito desse aprimoramento foi decorrente dos conhecimentos importados da Alemanha, país para onde muitos turcos migraram durante o século XX. Um dos resultados desse desenvolvimento é que, hoje, a Turquia é um dos principais exportadores de linha branca para alguns países europeus, por exemplo.
Por outro lado, Ticoulat avalia que o comércio bilateral Brasil-Turquia ainda é muito fechado e que um dos objetivos do acordo de cooperação assinado ontem é tentar “destravar” essas trocas. “Como a Turquia queria fazer parte da União Europeia, ela colocou uma série de barreiras semelhantes ao bloco”, diz Ticoulat. Os principais entraves estão no setor agrícola, área onde o País é muito competitivo.
Um dos principais membros da TIM, Mehmet Bülent Aymen, destaca que uma das demandas dos exportadores turcos é que o Brasil simplifique a burocracia dos seus processos aduaneiros, de desembaraço de mercadorias, e que faça acordos para reduzir tarifas de importação. Para ele, isso é importante para equilibrar a balança comercial dos dois países. Enquanto o Brasil exporta cerca de US$ 1,5 bilhão para a Turquia, o país euro-asiático vende para nós aproximadamente US$ 400 milhões.
Por fim, o cônsul geral da Turquia no Brasil, Serkan Gedik, avalia que é preciso elevar a corrente de comércio nos próximos anos e que há potencial para que isso aconteça, tendo em vista a complementariedade de produtos entre as empresas turcas e brasileiras.