08/12/11 19h59

Começa teste de modelo criado para governo da Índia

Valor Econômico

A primeira aeronave de vigilância aérea produzida pela Embraer para o governo da Índia realizou ontem, em São José dos Campos, seu primeiro voo, depois de um ano de desenvolvimento conjunto, feito por meio de uma cooperação tecnológica com o Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento de Defesa (DRDO), do Ministério da Defesa da Índia. O programa de cooperação entre os dois países prevê o fornecimento de um total de três aeronaves, equipadas com avançados sistemas eletrônicos para missões de alerta aéreo avançado, da sigla em inglês AEW&C.

O projeto, segundo o vice-presidente de Operações da Embraer Defesa e Segurança, Eduardo Bonini, cria uma fonte alternativa de sistemas de tecnologia complexa fora do eixo Europa/Estados Unidos, tradicionais fornecedores mundiais de aeronaves AEW&C. "Trata-se de um projeto desafiador para a Embraer, pois envolveu um intenso trabalho de engenharia, que exigiu uma série de modificações estruturais e aerodinâmicas na aeronave para adaptar os sistemas desenvolvidos pelos indianos", comentou Bonini.

Poucos países no mundo dominam esse tipo de tecnologia, com destaque para a Boeing, EADS, Saab e os chineses. "O grande diferenciador da Embraer nesse mercado é a capacidade da empresa de integrar sistemas complexos, entender o que o cliente precisa e trabalhar junto com ele nas modificações exigidas pelo projeto", explicou o executivo.

A Embraer Segurança e Defesa, segundo ele, participa de várias campanhas de vendas desse tipo de programa em parceria com outros fabricantes de sistemas. O trabalho com a Índia, diz o executivo, também poderá ser oferecido para outros países. "São duas nações emergentes com capacidade no desenvolvimento e integração de tecnologias complexas."

A plataforma utilizada pela Embraer para os sistemas AEW&C é o jato EMB-145, o mesmo fornecido para outras três forças aéreas no mundo. O valor do programa desenvolvido para a Índia não foi divulgado, mas a versão básica do jato EMB-145 custa cerca de US$ 26 milhões.

"O custo de um avião modificado varia conforme os requisitos e as modificações solicitadas pelo cliente. A cooperação com o governo da Índia também incluiu um pacote de assistência técnica, que prevê o apoio de engenheiros e técnicos da Embraer na instalação dos equipamentos na aeronave. Este trabalho será feito na Índia a partir do próximo ano.

A primeira aeronave entregue ao governo indiano permanecerá no Brasil por cerca de um ano, para a realização de todos os testes que irão atestar o bom funcionamento do avião e dos sistemas nele instalados. "O segundo avião será entregue em julho", disse.

O EMB-145 fornecido para a Índia, segundo a Embraer, está equipado com um sistema de reabastecimento em voo, comunicação por satélite e equipamentos de geração elétrica e de refrigeração duplicados, além dos sistemas de missão (radar de vigilância aérea, sistema de comando e controle), entre outros.

O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) opera oito EMB-145, sendo cinco em missões de vigilância e três de sensoriamento remoto. Outra aeronave está em serviço no México e a Força Aérea da Grécia encomendou quatro jatos para operações junto à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A Força Aérea Indiana também opera cinco jatos Embraer do modelo Legacy 600, utilizados no transporte de autoridades. Um deles é operado pela Força de Segurança de Fronteiras, subordinada ao Ministério do Interior da Índia.