02/05/23 13h32

Com novos centros de distribuição, Bauru resgata seu potencial logístico

Com tendência de expansão, parques privados são utilizados para armazenar mercadorias de empresas em diversos segmentos

JC Net

A retomada do consumo e o crescimento do comércio eletrônico, impulsionado pela pandemia de Covid-19, fortaleceram uma tendência que já se consolida em Bauru: a dos parques logísticos privados, com galpões locados por empresas dos mais diversos segmentos, onde elas armazenam seus produtos para posterior distribuição.

O fato de o município estar localizado no Centro do Estado de São Paulo, com logística historicamente estratégica, contribui para a atratividade destas companhias e, por consequência, para a geração de emprego e renda.

Trata-se do resgate, neste segmento, do protagonismo da cidade - cuja economia foi fortalecida no passado pelo transporte de cargas em sua rede rodoferroviária. E é um feito a ser comemorado às vésperas do Dia do Trabalhador, celebrado em 1 de maio.

Estes polos logísticos visam descentralizar e interiorizar os serviços de distribuição de produtos, até então concentrados nos grandes centros urbanos. Porém, na cidade, os condomínios - há pelo menos três em expansão ou em processo de implantação - não devem beneficiar apenas grandes organizações, mas também as pequenas, que precisarem de espaço extra para guardar suas mercadorias.

Quem deve firmar mais contratos com empresas de maior porte é o Bauru Business Park, que, na semana passada, recebeu da prefeitura o Certificado de Regularização Fundiária, cerca de sete anos após formalizar o pedido. Até então, marcas que já estavam instaladas no local, como Mercado Livre, Braspress (transportadora de mercadorias de companhias como a Amazon), Servimed, bebidas Conti e Mask Mais (distribuidora da Mondelez) podiam funcionar devido a um acordo firmado junto ao Ministério Público.

"A partir de agora, com a possibilidade de obtenção de alvará de funcionamento, as companhias passam a ter mais segurança jurídica, o que deve estimular a ocupação dos galpões remanescentes. Elas passam a encurtar o tempo de deslocamento para boa parte do Interior paulista, bem como para estados vizinhos, como Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. São acessos mais rápidos, por rodovias seguras, algo que trará mais agilidade nas entregas, uma vantagem também ao consumidor", avalia Flávia Thaís Souza, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda (Sedecon).

Com área de 700 mil metros quadrados localizada no entroncamento das rodovias Marechal Rondon (SP-300) e Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), a Bauru-Marília, o Bauru Business Park pertence à GCKon, que possui outras duas unidades do tipo do Estado. De acordo com o presidente do grupo, Geraldo Killer, neste espaço, já há 75 mil metros quadrados construídos, com previsão de expansão para mais 130 mil metros quadrados nos próximos 12 anos.

"Hoje, circulam pelo condomínio 1.200 pessoas por dia, 600 veículos e estão alojados mais de 30 CNPJs. A maioria é de logística de distribuição de variados produtos, prestadoras de serviços e empresas de gestão de geração de energia", completa.

Uma dupla de empresários que, por enquanto, prefere manter o anonimato instituiu o Parque Logístico Bauru na área onde ficava a multinacional Mondelez, no Distrito Industrial 1. Ao todo, são 238 mil metros quadrados loteados, sendo 38 mil metros quadrados de área construída, com capacidade para abrigar até 55 empresas nos próximos dois anos, quando todas as reformas estiverem concluídas. Até o momento, três companhias - nos ramos moveleiro, de ferro e aço e alimentos hospitalares - já armazenam mercadorias no local.

"Das 33 que nos procuraram até agora, 70% são operadores logísticos, que buscam um ponto de apoio para baratear custos. A maioria visa atender um raio de 250 quilômetros no entorno de Bauru. Porém, também temos licenciamento para abrigar pequenas e médias indústrias. Temos, inclusive, galpões refrigerados de 12 a 16 graus e câmara fria a menos 4 graus destinados a mercadorias perecíveis", descreve Fabio Biancardi, gerente comercial do empreendimento.

De acordo com ele, o complexo conta com infraestrutura de almoxarifado, caldeiras, estação de tratamento de efluentes, refeitório, vestiário e sala de reuniões. Além do Parque Logístico Bauru, os mesmos empresários pretendem colocar em operação, daqui a dois anos, outro condomínio logístico no prédio onde ficava a fábrica da Ajax, também no DI1, com foco em distribuidoras que precisam de salões menores, de 500 a 1 mil metros quadrados.

Bauru e região possuem equipamentos logísticos adequados à base de operação das empresas instaladas. Segundo Aline Fogolin, consultora especialista em políticas públicas e projetos de desenvolvimento local, os modais necessários para essa dinâmica econômica ocorrer estão no radar destas companhias, que se valem de atrativos como o fato de a cidade estar localizada na região central do Estado e ter um Porto Seco, também chamado de Estação Aduaneira Interior (Eadi), responsável pelo desembaraço de exportações e importações.

"Também podemos citar o aeroporto Moussa Tobias, que tem potencial para ampliação. As oportunidades são imensas em função da riqueza de produção e comercialização dos produtos e suas atividades diretas e indiretas. O encadeamento produtivo gerado prospecta a economia local, a diversidade de geração de emprego e renda e a projeção da região, atraindo novos investimentos e perspectivas", completa ela, que é ex-titular da Sedecon.

 

Fonte: https://sampi.net.br/bauru/noticias/2757818/bauru-e-regiao/2023/04/com-novos-centros-de-distribuicao-bauru-resgata-seu-potencial-logistico