10/06/15 15h22

Com nova linha, EMC amplia produção no Brasil

A empresa americana passa a fabricar no país sua principal tecnologia de armazenamento de dados. Expectativa é reduzir o preço da solução entre 10% e 15%

Brasil Econômico

Um dos principais nomes do mercado global de armazenamento de dados, a americana EMC está fortalecendo seus laços com o mercado brasileiro. A companhia anuncia hoje ao mercado o início da produção local de sua principal tecnologia de armazenamento. Batizada de XtremIO – e também conhecida no exterior como “The Beast” (“A Fera”), apelido dado por clientes -, o produto combina hardware e software, e chega ao país em sua versão mais recente, lançada no início de maio, durante o EMC World 2015, em Las Vegas (EUA). O projeto integra o plano anunciado pela EMC em 2011, que inclui o investimento de US$ 100 milhões na subsidiária brasileira até 2017.

Essa é a quinta linha do portfólio da EMC a ser produzida no Brasil. Assim como os demais produtos, a solução será fabricada nas instalações da Foxconn em Jundiaí, interior de São Paulo. Desde 2008, a empresa de manufatura terceirizada é a parceira da companhia americana para projetos desse porte no país. Com o anúncio, o Brasil passa a ser o terceiro país a fabricar a nova linha, ao lado dos Estados Unidos e da Irlanda.

Em meio ao crescimento do volume de informações digitais, a XtremIO simboliza a maior aposta da EMC dentro de uma tendência ainda em consolidação no mercado de armazenamento de dados. A linha é baseada em unidades de memória flash, que promete ganhos como desempenho, velocidade e redução de custos na guarda e gestão das informações nos data centers, quando comparadas aos tradicionais discos rígidos. O movimento não é exclusivo da EMC. As também americanas IBM e Pure Storage são algumas das rivais que estão seguindo esse caminho. Segundo a consultoria IDC, esse mercado registrou uma receita global de US$ 11,3 bilhões em 2014. “A consultoria Gartner prevê que o mercado de flash cresça cinco vezes até 2017 e o Brasil acompanha essa projeção”, diz Carlos Cunha, presidente da EMC no Brasil, em entrevista exclusiva ao Brasil Econômico . “Desde que começamos a investir em produção no país, em 2008, a ideia é permitir que os clientes brasileiros tenham acesso a todas as nossas tecnologias de ponta e esse novo projeto está em linha com essa estratégia. Normalmente, a adoção de qualquer tecnologia no país tem um atraso de um a dois anos. Mas acreditamos que isso não irá acontecer com essa solução, pelas vantagens que ela traz em termos de performance e redução de custos”, afirma o executivo.

Como parte do conjunto de fatores que justificaram o investimento na fabricação local, Cunha cita os números recentes registrados pela EMC nas linhas baseadas em flash, que incluem outras soluções além da XTremIO. No primeiro trimestre, a região das Américas apurou um crescimento de 448% nas vendas desse portfólio. Globalmente, esse índice foi de 483%. “Nossa expectativa é que a nova linha represente 10% da receita da operação local até o fim de 2016”, diz.

Ao encontro dessa tendência de aumento da demanda, a EMC projeta alguns benefícios para atrair os clientes brasileiros. Com o projeto, a estimativa é que o prazo de entrega aos clientes fique entre 20 e 30 dias. “Se fosse importado, esse processo levaria de 45 a 60 dias, isso considerando que não haveria nenhum problema nesse trâmite, o que não é incomum”, diz Cunha. A empresa também prevê uma redução no preço da solução numa faixa de 10% a 15%. “Ao mesmo tempo, com a fábrica, passamos a ter mais uma alternativa para agilizar a manutenção, caso o cliente demande alguma peça de reposição”, diz.

Para Cunha, a nova linha atende às necessidades de todos os portes de cliente e segmentos econômicos. No entanto, ele destaca que a solução tem maior potencial entre as médias e grandes empresas de setores como finanças, seguro, varejo e telecomunicações, que são intensas em gestão de grandes volumes de informações. Para levar essa oferta ao mercado, a EMC irá investir em seu modelo tradicional de vendas no Brasil, que combina o atendimento direto a uma parcela dos clientes e aos provedores de serviços, com as vendas via parceiros, especialmente as empresas que integram tecnologias de diversos fornecedores em um único projeto. Hoje, as vendas diretas representam 55% da receita no Brasil.

Com o novo projeto, 83% da receita da EMC no Brasil já é gerada pelos produtos fabricados localmente. Embora não revele detalhes, Cunha afirma que a companhia já planeja trazer a fabricação de mais um equipamento do seu portfólio. A empresa também projeta que a produção local possa atender, em médio prazo, aos mercados dos países da América do Sul. “Esse é um projeto que está no radar desde o nosso primeiro investimento. Mas em virtude da demanda no Brasil, acabamos adiando essa iniciativa”, explica.
A relevância do Brasil para a EMC não está restrita aos projetos de fabricação. Com o centro de pesquisa e desenvolvimento de big data instalado pela empresa no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o país também já integra o mapa de desenvolvimento de tecnologias da companhia. Um exemplo recente foi a participação na criação da solução Federation Business Data Lake. No Brasil, um dos resultados dessa iniciativa foi um projeto de cidades inteligentes que inclui um aplicativo que mapeia todo o sistema de transportes do Rio de Janeiro, em uma parceria com o governo do estado.