05/11/08 15h11

Com mais dinheiro em caixa, IAC reforça pesquisas com cana

Valor Econômico - 05/11/2008

Referência no país em melhoramento genético convencional, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo, completa este ano 121 anos com uma guinada em seu orçamento e investimentos, propiciando nova injeção de ânimo às pesquisas agrícolas. O instituto deverá fechar 2008 com um orçamento de R$ 30,5 milhões (US$ 14,2 milhões)- R$ 25 milhões (US$ 11,6 milhões) já realizados -, frente aos R$ 26,5 milhões (US$ 13,7 milhões) de 2007. Os recursos extra-orçamentários, advindos de outros órgãos públicos e da iniciativa privada, somarão mais R$ 22 milhões (US$ 10,2 milhões), quase o dobro do ano passado. O alívio financeiro, diz o diretor, foi possível graças à organização de alguns setores da agricultura, sobretudo o sucroalcooleiro, que vem conscientizando os produtores sobre o papel vital da pesquisa científica no aumento da produtividade da cultura. Mas o mérito recai também sobre a nova gestão estadual, ressalva Zullo, "mais desenvolvimentista que burocrática". Não seria uma surpresa, portanto, que quem sai ganhando, neste cenário, é a cana-de-açúcar, segmento da agricultura que mais arrecada verbas no instituto. Cerca de 130 empresas do setor contribuem atualmente com as pesquisas do Centro de Cana do IAC, localizado em Ribeirão Preto. O interesse pela cultura é auto-explicativo: a cana ocupa hoje cerca de 7 milhões de hectares no país e estima-se que pode crescer mais 50% nos próximos cinco anos, ao mesmo tempo em que a demanda por etanol aumenta no mercado internacional. O setor já exporta o equivalente a US$ 7 bilhões por ano. No Programa Cana são investidos cerca de R$ 3 milhões (US$ 1,4 milhões) por ano pela iniciativa privada e cerca de R$ 800 mil (US$ 372 mil) por fomento. Para 2009, a expectativa é igualar o fomento à parceria com o setor privado, em razão de projetos apresentados à Fapesp, diz o órgão. Desde 1997, o instituto paulista já criou e patenteou 17 novas variedades de cana - 22% do total liberado e cerca de 10% da área de cana do país -, que atendem produtores de dentro e fora do Estado. Segundo Zullo, as novas variedades de cana tem o objetivo de ampliar a produção sem aumento de área, elevar o teor de sacarose e a resistência a doenças e também adaptar a cultura às condições climáticas de outras regiões do Brasil. "A expansão depende fundamentalmente da pesquisa científica porque requer o desenvolvimento de variedades adaptadas às características de solo e clima de cada localidade", diz o diretor do IAC. Zullo diz que o sucesso dos canaviais paulistas tem atraído a atenção de outros países. Desde o início deste ano, o IAC exporta tecnologia para o México, através de uma parceria com o grupo Piasa, no Estado de Vera Cruz. Há negociações também com Angola, Moçambique e Peru, que deverão iniciar testes com materiais do IAC.