18/05/10 11h14

Com lojas próprias, Arno aposta em utensílios de luxo

Valor Econômico

O ano de 2009 não deixou boas lembranças à Arno. A septuagenária fabricante de eletroportáteis, adquirida pelo francês Grupo SEB em 1997, paralisou as suas três fábricas durante 15 dias no começo do ano, época em que registrou queda de 15% nas vendas. Temendo o desenrolar da crise, o consumidor adiou a compra de eletroportáteis e utensílios. Para a empresa, a retomada começou na segunda metade de 2009, puxada por ventiladores, cujo consumo foi favorecido pelo calor fora do comum, e por lançamentos de maior valor agregado, como a cafeteira Dolce Gusto, feita com exclusividade para a Nestlé. Ainda assim, o ano encerrou com leve queda de 0,2%, atingindo R$ 640 milhões (US$ 365,7 milhões) em vendas líquidas.

Mas este ano o panorama promete um desempenho pelo menos 8% superior, segundo o presidente do Grupo SEB no Brasil, Márcio Cunha. A maior aposta está nas marcas premium do grupo trazidas para o mercado local: a alemã Krups (cafeteiras com preço básico de R$ 2,2 mil/US$ 1,26 mil) e a italiana Lagostina (panelas que custam mais de R$ 600/US$ 343). A principal vitrine para estes produtos é a loja própria do grupo no país, a Home & Cook, marca de varejo do SEB que conta com cerca de 30 pontos de venda na Europa.

No Brasil, a terceira loja foi aberta no mês passado, na Viver Casa & Gourmet, espaço de workshops e treinamentos das marcas do grupo, aberto ao público na zona sul de São Paulo. Há planos de expandir a rede no Brasil, diz Cunha, mas tendo em vista a crise vivida na Europa, sede do grupo, nada está definido. O país figura entre os oito principais mercados do SEB, presente em cerca de 120 mercados e com vendas líquidas de € 3,17 bilhões em 2009. A experiência de loja própria começou no fim de 2008, com o lançamento da Home & Cook no Shopping Ibirapuera, também na capital paulista. Na metade de 2009, foi aberto o segundo ponto de venda no Outlet Premium, em Itupeva (SP). No mix, estão não só as novas marcas premium, mas os eletroportáteis da Arno e as linhas de panelas Panex, Rochedo, Clock e Penedo, adquiridas pelo Grupo SEB em 2005. A Panex foi a primeira a lançar a panela com Teflon em 1982.

"Cerca de 18% das nossas vendas vêm das panelas", diz o presidente, que deve renovar toda a linha de panelas, das quatro marcas, este ano. "Só a compra de reposição no Brasil já é suficiente para manter esse negócio", diz Cunha, que tem como principais concorrentes a gaúcha Tramontina e a paulista Nigro (esta última também abriu loja própria em São Paulo este ano). Segundo o executivo, também há lançamentos que apelam para a tecnologia, como a panela de pressão da Rochedo que diminui o tempo de cozimento. O equivalente a 4% das vendas anuais do grupo são investidos em lançamentos. Em eletroportáteis, a empresa enfrenta a forte concorrência de importados asiáticos, mas também faz uso deles. Cerca de 25% da produção vem da China e da França, diz Cunha, que tem como carros-chefe os liquidificadores, ventiladores e tanquinhos.