Com GlobalBev, Marathon volta a crescer
Valor Econômico - 30/07/2007
A AmBev ganhou um concorrente efetivo com a venda do Marathon à GlobalBev. A conclusão é do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça que, num relatório final, verificou que o caso Gatorade-Marathon é um dos mais bem-sucedidos na história da defesa da concorrência no Brasil. Em primeiro lugar porque, neste caso, o Cade mandou uma grande empresa (a AmBev) vender uma de suas marcas e a decisão foi cumprida. Ao contrário do que acontece em outros processos polêmicos, a AmBev não iniciou uma disputa com o órgão antitruste e tampouco recorreu à Justiça para manter o controle da marca Marathon. Normalmente, o Cade tem dificuldades para fazer com que grandes empresas cumpram as suas decisões. Principalmente, se essas determinações envolvem vendas de marcas e ativos da companhia. Um dos maiores exemplos, no setor de alimentos, é o caso Nestlé-Garoto. A Nestlé foi à Justiça para não ter de vender a Garoto, conforme determinação de 2004 do Cade. E, em segundo lugar, porque a compradora da marca Marathon foi uma empresa com condições de competir no mercado. Trata-se da mineira GlobalBev, que também fabrica o energético Flying Horse. Em março, a GlobalBev - que pagou R$ 3 milhões (US$ 1,6 milhão) pelo Marathon - elegeu a marca como prioridade e anunciou extensões de linha. A água com adição de vitaminas que leva o sobrenome Marathon já está no mercado e a empresa aguarda os registros da Anvisa para lançar barras de cereais e a versão em pó do produto, que custará cerca de 50% menos do que a versão em garrafa PET. Com um preço cerca de 15% menor que o líder Gatorade, Marathon está em todo o país, em cerca de 20 mil pontos-de-venda. "Pouco antes de ser vendida pela AmBev, a marca estava praticamente fora do mercado", afirma Bernardo Fernandes um dos sócios da empresa. A expectativa da companhia é que o Marathon dobre sua presença no varejo nos próximos 12 meses. Neste ano, devem ser vendidas entre 10 e 15 milhões de unidades.