03/05/10 11h13

Com demanda recorde, mercado de sorvetes ultrapassa US$ 1,1 bilhão

Valor Econômico

Já é quase inverno mas a indústria de sorvetes ainda está comemorando as vendas históricas alcançadas no ano passado e no primeiro trimestre de 2010. A combinação de um verão quente com dinheiro no bolso da população fez, em 2009, as vendas anuais do produto ultrapassarem a casa dos R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão) pela primeira vez. "O salto dado pelo mercado em 2009 foi muito maior que o crescimento que vinha sendo registrado nos últimos anos", diz Robert Hein Schermers, diretor de marketing da Kibon, marca da Unilever, com 47% de participação no mercado, segundo a Nielsen. As vendas foram tão boas para a empresa que, no relatório de resultados divulgado pela multinacional na semana passada, o desempenho das linhas Frutare e Magnun no Brasil foram apontados como um dos principais fatores para o crescimento de dois dígitos na América Latina.

Não é para menos. Nos primeiros três meses do ano, graças às altas temperaturas que se mantiveram até o fim de março, o consumidor continuou tomando muito sorvete. Segundo a Nielsen, só neste primeiro trimestre o mercado já havia movimentado R$ 1,255 bilhão (US$ 697,2 milhões). Para se ter uma ideia de grandeza, esse valor é quase o mesmo que a soma vendida, por exemplo, durante os 12 meses de 2003, quando o faturamento do setor foi de R$ 1,227 bilhão (US$ 399,5 milhões). Na comparação com os mesmos meses do ano passado, o resultado do trimestre foi 33% melhor. Em volume, foram consumidas 141,7 mil toneladas de sorvetes - 28% a mais que em janeiro, fevereiro e março de 2009.

Animada com o ritmo do mercado, a Nestlé, segunda colocada no ranking do setor, está ampliando a distribuição da linha de Sorvetes Garoto, que chega agora a capital paulista. Desde o lançamento em 2007 até meados de 2008, os picolés da marca eram vendidos só no Espírito Santo, onde fica a sede da Garoto, comprada pela Nestlé em 2002. No segundo semestre de 2008, a linha foi estendida para Minas Gerais, Rio e Salvador. Durante o verão, os sorvetes da marca - que são a versão gelada de tabletes e bombons de chocolates como Talento e Serenata de Amor - foram comercializados no litoral do Estado de São Paulo, o maior mercado consumidor do produto no país. Só a região metropolitana responde por 23% do consumo nacional, segundo a Nielsen.

Outra empresa que aposta em expansão é a Jundiá, terceira colocada no mercado paulista. "Crescemos 30% em volume de vendas no ano passado e por isso estamos investindo R$ 10 milhões (US$ 5,6 milhões) em uma nova fábrica para triplicar nossa capacidade da unidade de Itupeva, no interior de São Paulo", diz Cesar Bergamini, diretor da empresa, com sede em Jundiaí. Hoje, a planta produz 1 milhão de litros por mês. O segredo da Jundiá, segundo Bergamini, é vender seus sorvetes por um valor 30% menor que as marcas líderes. "Muita gente que não consumia sorvetes agora pode comprar porque a faixa de preço de nossos produtos permite esse acesso", diz o executivo da companhia, que no ano passado faturou R$ 50 milhões (US$ 25,4 milhões).

Graças a empresas como a Jundiá, que espera crescer 20% este ano, o mercado está mais concorrido. Mas também está mais sofisticado. "Há dez anos, havia apenas os picolés e a linha de potes de dois litros. Não existia muito além disso", lembra Schermers, da Unilever. Hoje, as companhias apostam em lançamentos mais sofisticados e em embalagens com quantidades diferenciadas. A Unilever, por exemplo, lançou uma versão "pack" dos picolés Frutare, para ser vendida em supermercado. É uma caixa com seis picolés um pouco menores que o padrão, para agradar o consumidor que gosta das conhecidas embalagens econômicas. Na outra ponta, a companhia lançou a linha Momentos, com sorvete premium e ingredientes requintados - mas em embalagem de 460 ml.