10/03/10 10h20

Com demanda forte, indústria de calçados prepara expansão

Valor Econômico

Mercado interno em alta, importações em baixa graças à tarifa antidumping imposta sobre os produtos chineses e exportações em recuperação depois do tombo do ano passado estão animando as indústrias brasileiras de calçados a tirar planos de expansão da gaveta. Empresas de porte médio como Piccadilly, Bottero e West Coast já anunciaram novas fábricas ou a ampliação das linhas atuais, enquanto grandes empresas como Grendene e Vulcabrás também começam a programar novos investimentos.

Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, o setor opera com uma ociosidade de 15% a 20% ante uma capacidade instalada de cerca de 950 milhões de pares anuais. Mas, com o ritmo atual de alta da demanda, ele acredita que no fim de 2010 a produção anualizada já estará nesse patamar. Conforme as estimativas da entidade, no acumulado de 2009 o país produziu 813,6 milhões de pares, 0,3% a menos do que em 2008.

Segundo Milton Cardoso, diretor-presidente da Vulcabrás e que também preside a Abicalçados, o novo ânimo do setor deve-se à expansão da demanda doméstica e à decisão do governo de aplicar por cinco anos a tarifa antidumping de US$ 13,85 por par de calçado chinês importado (em setembro havia sido imposta uma sobretaxa provisória de US$ 12,47). Ao evitar a competição predatória no mercado interno, a medida estimula o aumento da produção no país e garante ganho de escala e de competitividade para a indústria nacional no exterior, disse o executivo.

Em comparação com o mesmo período de 2009, as importações de calçados no Brasil no primeiro bimestre recuaram pouco mais de 43% em valor e volume, para US$ 42,8 milhões e 4,8 milhões de pares. Só os produtos chineses caíram cerca de 73%, para US$ 13,5 milhões e 1,9 milhão de pares, respectivamente. Já as exportações avançaram de US$ 280,2 milhões para US$ 295,2 milhões e de 28,8 milhões para 34,2 milhões de pares, segundo a Abicalçados. Em 2009 os embarques haviam recuado 23,7% em volume, para 126,6 milhões de pares, e 27,7% em valor, para US$ 1,36 bilhão, e as projeções preliminares para 2010 são de uma expansão de 3%.