22/02/10 10h52

Com crise da cana, Dedini muda o foco

Valor Econômico

Uma das maiores empresas de capital nacional líderes na fabricação de equipamentos sob encomenda, a Dedini Indústrias de Base, com sede em Piracicaba (SP), tirou grande proveito dos anos de glória do setor de açúcar e etanol, crescendo a taxas de até 40% ao ano. Com a crise mundial e a do próprio setor, a fabricante decidiu reduzir a forte dependência de vendas aos usineiros. Agora, o foco são projetos de infraestrutura - hidrelétricas e cogeração -, de extração e refino de petróleo e gás, de biodiesel e diversos setores industriais, como siderurgia, fertilizantes, bebidas, química e petroquímica, celulose e papel, alimentos, cimento e mineração e até o automotivo, com peças para estamparia de carrocerias de carros.

"Chegamos a ter 85% da nossa receita e da carteira de pedidos em encomendas da usinas de açúcar e etanol", informou Sérgio Leme dos Santos, presidente-executivo da Dedini. No ano passado, por conta da retração econômica mundial e do setor, esse percentual caiu para 45%. O impacto não para por aí: a empresa convive ainda com elevado índice de inadimplência de vendas realizadas a investidores cujos projetos de novas usinas não foram para frente ou pararam no meio do caminho.

A empresa garante estar equipada para ganhar presença em obras e projetos de outros setores, com seis fábricas em operação em Piracicaba (três) e Sertãozinho (SP), Recife (PE) e Maceió (AL). Desde o ano passado, a Dedini passou a capacitar com melhorias tecnológicas sua fundição, apta a fazer 60 mil toneladas de metal e até 45 mil de peças finais, para fabricar equipamentos mais complexos e com especificações mais rigorosas. Caso de componentes para extração de petróleo em águas profundas ou tanques para uma fábrica de bebidas, em material inoxidável, e até itens para usinas de geração elétrica.

Nos alvos da empresa, fundada em 1920 pelo imigrante italiano Mário Dedini, estão projetos de grande porte no país, como a extração de petróleo no pré-sal e a futura hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. "Estamos capacitando nossa fundição, que tem capacidade de sobra, com investimentos que, apenas neste trimestre, somam R$ 28 milhões (US$ 15,6 milhões)", afirmou Renato Herz, diretor comercial e da divisão de infraestrutura e energia, além de responsável pela área de fundição. Divisão-chave da Dedini, a fundição recebeu nos últimos três anos investimentos de R$ 50 milhões (US$ 27,8 milhões). Os recursos visaram dotar a unidade, situada em Piracicaba, de tecnologias como soldas a laser, metalurgia de aços e ligas especiais e fornos a vácuo.