27/09/21 11h49

Com CITI, Doria quer criar em São Paulo o Vale do Silício da América Latina

Em entrevista ao jornal, secretária estadual de Desenvolvimento diz que projeto na capital pode beneficiar a região

O Vale

Criar na cidade de São Paulo o Vale do Silício da América Latina. Essa é a proposta do CITI (Centro Internacional de Tecnologia e Inovação), projeto do governo João Doria (PSDB). 

A ideia foi lançada no início de 2018, quando Doria ainda era prefeito da capital, e previa que o distrito de tecnologia e inovação fosse implantado na área da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). 

Em 2019, quando o tucano migrou para o Palácio dos Bandeirantes, o projeto foi readaptado, já que um impasse com o governo federal travou a área da Ceagesp. Para acelerar a implantação da proposta, a alternativa encontrada foi aproveitar instalações já existentes do governo estadual. 

Em novembro de 2020, no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), foi inaugurada a primeira etapa do CITI. O espaço, batizado de IPT Open Experience, é destinado a empresas de todos os portes e setores econômicos que demandem soluções com alta intensidade tecnológica. 

Ao todo, o CITI foi dividido em quatro etapas. “Esse projeto está avançando rapidamente, porque ele passou exatamente por reconhecer as locações de cada um dos nossos parques tecnológicos. O CITI fica na região do Parque Tecnológico Jaguaré, que consolida USP [Universidade de São Paulo], Instituto Butantan, temos próximo também aquele quadrilátero da saúde, que fica o Hospital das Clínicas, e temos o IPT na mesma região, além da própria sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Então, temos ali as quatro fases do CITI. O CITI 1, 2, 3 e 4. A Ceagesp é o quarto momento”, explicou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen. 

Já na inauguração, o CITI contava com a adesão de quatro multinacionais: Siemens, Siemens Energy, Kimberly Clark e 3M. “Hoje a gente está com uma atração de investimentos de mais de meio bilhão de reais, com laboratórios de grandes empresas. Nós estamos com um park line de quase 30 empresas, que já se mudaram, colocaram seu departamento de pesquisa dentro desse espaço, estão utilizando os laboratórios”, disse Patricia. “Hoje já tem esse meio bilhão [de reais] comprometido, mas a meta é empregar nos próximos meses no IPT R$ 1 bilhão”, acrescentou. 

E o Vale do Paraíba, será beneficiado pelo CITI? Segundo a secretária, sim. “O CITI, apesar de estar na cidade de São Paulo, ele é um portal para conectar todos os parques tecnológicos. A ideia é alavancar o que cada um tem de melhor. A ideia é que aqui seja a porta de entrada para o Parque Tecnológico de Sâo José, o distrito de inovação de Taubaté, e vice-versa”, disse. “É importante a gente ter essa visão, que a inovação tem CEP, mas a gente só vai conseguir ter peso global quando a gente juntar nossos melhores inovadores de todo o estado e inclusive de todo o Brasil, para trazer grandes tecnologias que sejam utilizadas em escala global”. 

O deputado estadual Sérgio Victor (Novo), que preside a Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Assembleia Legislativa, disse que vê “com bons olhos quando há uma aproximação entre poder público, iniciativa privada e a academia”. “O CITI tendo sucesso irá favorecer todo o Estado. Um ecossistema bem-sucedido depende de vários polos de inovação, cada um contribuindo com as suas especialidades e particularidades”.  

Ao todo, o projeto do CITI é dividido em quatro etapas. “Na sequência [implantaremos] o CITI 2, trabalho de desenvolvimento urbano e imobiliário, com o conceito da cidade de 15 minutos, com serviços, comércio, toda parte tecnológica, e também a parte de qualidade de vida, de espaços verdes. O CITI 3 são outros espaços do governo”, explicou a secretária. 

Em relação ao CITI 4, há um entrave. O governo federal, que administra a área desde 1997, recuou sobre a proposta de privatizar a companhia e transferi-la para outro local – em 2019, isso chegou a ser anunciado, mas depois, com os atritos com Doria, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que desistiria da ideia. “Da Ceagesp, infelizmente, a gente tem o desafio da própria falta de liderança nacional para que esse projeto possa dar o próximo passo”, lamentou Patrícia Ellen. 

fonte: https://www.ovale.com.br/nossaregiao/cidades/com-citi-doria-quer-criar-em-s-o-paulo-o-vale-do-silicio-da-america-latina-1.189472