10/10/09 14h26

Com as fábricas em plena operação, alguns setores voltam a investir

O Estado de S. Paulo

Empresas que priorizam o mercado interno voltaram a produzir no mesmo ritmo de antes da crise e já retomam os investimentos. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que fabricantes de material de construção, bens de consumo duráveis e material de transporte estão utilizando quase 90% da capacidade instalada, patamar próximo ao de antes da crise e acima da média dos últimos 10 anos.

Com a ajuda desses setores, que foram beneficiados por desonerações tributárias, o ajuste da indústria brasileira foi mais rápido do que se imaginava. Um ano depois da crise global atingir o País, as empresas enxugaram os estoques, voltaram a contratar e recuperaram o patamar histórico de produção. "A indústria está virando essa página", disse o coordenador da Sondagem Industrial da FGV, Aloísio Campelo. Mas o desempenho ainda é heterogêneo, os setores exportadores continuam com uma capacidade ociosa significativa. Na média, o nível de utilização da capacidade da indústria da transformação atingiu 81,9% em setembro.

Ainda é um patamar baixo, inferior aos 85,4% de setembro de 2008, quando algumas empresas operavam em três turnos, mas próximo da média de 82,2% registrada desde 1999. Para o economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fernando Puga, "o País já atingiu um nível de utilização da capacidade que detona os investimentos". Os cálculos do banco mostram que, historicamente, as empresas investem quando o indicador supera 80%. Ele ressalta que não é um retorno ao patamar pré-crise, quando a taxa de investimento crescia 20%, mas já é uma virada.

Os segmentos agraciados com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) lideram a retomada do investimento. Em setembro, os fabricantes de material de construção utilizaram 89,3% da capacidade, nível próximo dos 90,7% de setembro de 2008 e acima da média de 83,5%. Os fabricantes de bens de consumo duráveis, como geladeiras ou fogões, também atingiram um patamar de produção que estimula os investimentos. O nível de utilização da capacidade chegou a 88,9%, próximo aos 90,6% de setembro de 2008. Os empresários ainda tem receio, no entanto, de qual será o novo patamar do mercado em 2010, depois que o prazo de redução do IPI terminar.

O setor de material de transporte, que inclui a cadeia automotiva, teve uma recuperação da produção, mas ainda sofre com a queda das exportações. O nível de utilização da capacidade instalada chegou a 86,7% em setembro, abaixo dos 92,3% de setembro de 2008, quando muitas fabricantes de autopeças operavam no limite. A média histórica da categoria é muito baixa, de 79,8%.