25/05/18 11h58

Colégio Bandeirantes investe R$ 90 milhões em expansão

Valor Econômico

O Colégio Bandeirantes, de São Paulo, vai investir R$ 90 milhões numa expansão que prevê a construção de uma nova torre de 10 andares e modernização dos demais prédios e instalações da unidade localizada na zona sul da capital.

A primeira etapa do projeto demandará investimento de R$ 40 milhões, cujos recursos estão sendo negociados com a IFC (International Finance Corporation), braço do Banco Mundial para projetos privados. Dentro desse projeto, o Band, como é conhecido, vai começar a oferecer o ensino fundamental I - modalidade que vai do 1º ao 5º ano. Hoje, o Band tem os ensinos fundamental II e médio. A nova torre e oferta do fundamental I estão previstas para 2021.

A escola tem hoje 2,7 mil alunos que pagam em média R$ 4 mil de mensalidade e a expectativa é que com a oferta do fundamental I haja um incremento de 750 estudantes. O faturamento do Band neste ano deve ser de 119 milhões, alta de 10% em relação a 2017. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado esperado é de R$ 25 milhões, com margem de 21%.

As novidades no Band ocorrem num momento de mudanças no mercado de colégios voltados ao público de alta renda e da chegada das escolas Concept e Avenue. Essas duas atendem desde o ensino infantil e vêm chamando atenção por trabalharem com metodologias pedagógicas que priorizam habilidades sócio-emocionais e a formação de um jovem mais globalizado. Em março, o São Luiz, tradicional colégio paulista que cobra mensalidades de cerca de R$ 3 mil, anunciou uma reformulação pedagógica e investimentos de R$ 300 milhões numa nova unidade, para se aproximar da linha adotada por Concept e Avenue.

Mês passado, a Kroton, maior grupo de ensino superior privado do país, comprou a escola Leonardo da Vinci, de Vitória, que tem mensalidades de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Além disso, adquiriu o controle da Somos Educação, que é dona de escolas como Anglo21 e p.H.

Questionado se tais movimentações teriam motivado o Band a abrir o fundamental I, o presidente Mauro Salles Aguiar argumentou que a decisão está mais relacionada à dificuldade de captar alunos e aos custos elevados de marketing para convencer os pais a mudar os filhos de escola. Normalmente, os pais preferem matricular seus filhos em escolas com o ciclo pedagógico completo e localizadas nas proximidades de suas respectivas residências, mas também há aqueles que escolhem a região para morar pela oferta de escolas existentes ao redor. "Na Vila Mariana, onde estamos, ainda há espaço para crescer, e o bairro está passando por um crescimento imobiliário."

Aguiar disse que pretende trazer os melhores profissionais do mercado de ensino fundamental I para implementar essa modalidade no colégio. A preocupação não é à toa. Os alunos do Band são adolescentes e um dos principais focos é a aprovação nas melhores universidades. O modelo acadêmico do Band já foi muito criticado por ser considerado muito "conteudista" e dividir os alunos em classes de acordo com seu desempenho. Nos últimos anos, o colégio vem mudando esse modelo porque muitos jovens do público atendido pelo Band buscam universidades americanas ou europeias que valorizam também habilidades sócios-emocionais como liderança, empatia e trabalhos sociais.