CNPEM lança programa para impulsionar startups baseadas em investigações científicas
Objetivo da iniciativa é contribuir para o amadurecimento das empresas e fazer com que suas soluções cheguem mais rápido ao mercado
Correio PopularO Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas, onde está instalado o Laboratório Sirius, está oferecendo um programa inédito de apoio a startup deeptech, como são chamadas as empresas baseadas em investigações científicas. Batizada de Programa de Aceleração de Deeptechs do CNPEM (PACE), a iniciativa tem o objetivo de acelerar a maturidade tecnológica dos empreendimentos brasileiros do setor. Os participantes do programa terão acesso simplificado às instalações abertas do complexo de pesquisa, que são ambientes que disponibilizam gratuitamente equipamentos de alta tecnologia, e a uma equipe de especialistas em pesquisa e desenvolvimento (P&D) dedicada aos projetos das deeptechs.
O CNPEM é um dos centros de pesquisa mais avançados do Brasil e reúne quatro laboratórios nacionais, o de Nanotecnologia (LNNano), Biorrenováveis (LNBR), Biociências (LNBio) e o de Luz Síncrotron (LNLS), que desenvolvem pesquisas em diversas áreas, incluindo saúde, novos materiais, energia e outras. O LNLS é considerado o mais avançado do mundo em seu segmento e é um dos três de quarta geração existentes - os outros estão instalados na Europa (Suécia e França).
As inscrições ao PACE são gratuitas e podem ser feitas até o dia 31 de janeiro de 2024 através do site https://cnpem.br/inovacao/pace/inscricao/.
Segundo a gestora da Assessoria de Inovação do CNPEM, Patricia Magalhães, será dado todo o apoio para as startups que possuem soluções tecnológicas baseadas em conhecimento científico mais avançado e complexo e possuem alto potencial de gerar inovações, mas que precisam de infraestruturas e competências sofisticadas para resolver um desafio tecnológico que esteja dificultando seu acesso ao mercado.
"O ecossistema brasileiro de apoio a deeptechs ainda está se formando. Essas empresas possuem soluções de desenvolvimento complexo, com tempo para chegar ao mercado mais longo, cuja jornada envolve investimentos e infraestrutura mais custosa e de ponta", afirmou Patricia. "Queremos aumentar o número de deeptechs que se tornam mais atrativas para captação de investimentos e para alcançar a fase de tração comercial", completou.
As startups selecionadas pelo programa terão acesso a pelo menos um nível de TRL (technology readiness level, na sigla em inglês), que é um método para estimar a maturidade das tecnologias durante a fase de aquisição de um programa. A execução de plano de trabalho é de 24 meses, com avaliação pelos times técnico e de aceleração do CNPEM aos 12 meses e ao final do projeto. Para participar do PACE, as startups devem ser brasileiras e ter CNPJ registrado há no máximo 10 anos e receita bruta de no máximo R$ 16 milhões.
Além disso, a solução em desenvolvimento deve estar em estágio compatível com TRL 3 ou superior, e enquadrada em uma das áreas temáticas do programa. As empresas participantes também não podem ter recebido investimentos de capital de risco superior a R$ 2 milhões (recursos de fomento a pesquisa não se incluem nesta restrição) e precisam demonstrar clara capacidade financeira para custear os consumíveis e insumos envolvidos no projeto proposto.
As soluções em desenvolvimento pelas deeptechs devem ser em, pelo menos, uma das oito áreas previstas no programa: biorrenováveis e biotecnologia industrial, engenharia de tecidos e medicina regenerativa, engenharia e tecnologia, fármacos e biofármacos, nanotoxicologia e nanossegurança, materiais renováveis, micro e nanofabricação de sensores e dispositivos e sistemas de produção de hidrogênio verde.
As startups selecionadas para a segunda fase de seleção serão divulgadas no dia 11 de março. O resultado final será apresentado em 30 de abril, com o PACE tendo início 15 dias depois.