06/03/18 13h44

CNI propõe mapa com 60 metas para elevar competitividade

Valor Econômico

Manter a inflação abaixo de 3,5% ao ano e conter a relação dívida/PIB em menos de 88%. Fazer um superávit primário de 0,3% e reduzir de 27% para 15% a taxa média anual de juros paga por pessoas jurídicas. Fazer com que o espaço para investimentos suba de 3,9% para 5% do Orçamento da União.

Essas são algumas das metas estabelecidas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para 2022, quando termina o próximo mandato presidencial, como parte de uma agenda voltada ao aumento da competitividade brasileira. Elaborado com a participação de líderes empresariais, o "Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022" tem 11 fatores-chave, divididos em temas prioritários e com as respectivas metas. É, em síntese, um roteiro para o novo governo que assume em janeiro.

A agenda vai além de questões econômicas. Elenca como objetivo, por exemplo, melhorar a nota média do Pisa (programa internacional de avaliação de alunos) de 395 para 473 pontos e elevar a cobertura da coleta de esgoto de 50,3% para 60% da população. O acesso dos brasileiros à banda larga fixa deve passar de 38,5% para 55% do total de domicílios.

O trabalho da CNI está dividido nos seguintes macrotemas: segurança jurídica; ambiente macroeconômico; eficiência do Estado; governança e desburocratização; educação; financiamento; recursos naturais e ambiente; tributação; relações do trabalho; infraestrutura; política industrial, de inovação e de comércio exterior; produtividade e inovação na empresa.

De acordo com a entidade, são os desafios que o Brasil precisa enfrentar para superar a pior crise da história, vencer a concorrência global e voltar a crescer de forma sustentada. Para isso, segundo a CNI, é preciso atuar em duas frentes. Uma é a superação rápida das deficiências que elevam os custos de produção e comprometem a produtividade, como a baixa qualidade da educação e o complexo e oneroso sistema tributário. A outra é o desenvolvimento de competências para construir o futuro, o que requer iniciativas como aumento da capacidade de inovação das empresas, a inserção na chamada "indústria 4.0" e participação na economia de baixo carbono.

"Fazer mais do mesmo não reverterá, com a intensidade necessária, a trajetória percorrida nos últimos anos. Com um trabalho contínuo e persistente de reformas econômicas e institucionais, é possível recuperar e alcançar patamares mais elevados de produtividade e competitividade", afirma o presidente da CNI, Robson Andrade.

O estudo sugere melhorar em 10% a produtividade da indústria no uso de energia ao longo dos próximos quatro anos. Na área de financiamento, o objetivo é criar condições para que o valor total de debêntures emitidas pelas empresas passe de 0,67% para 1,5% do PIB, sinalizando menor dependência de bancos oficiais, incluindo o BNDES.

A implementação das ações propostas no "Mapa" permitirá à economia brasileira crescer 4% ao ano, em média, a partir de 2023. Caso esse cenário se confirme, o PIB per capita pode aumentar 3,5% anuais. Simulações feitas pela CNI indicam que a renda da população poderia dobrar até 2040 e alcançar US$ 30 mil por ano. "Persistindo nesse ritmo, o PIB per capita do Brasil atingiria US$ 50 mil em 2054, o mesmo patamar da renda de EUA, Holanda e Suíça em 2016", afirma a entidade.

Dados do Fórum Econômico Mundial mostram que o Brasil vem caindo no ranking global de competitividade. Em 2013, ocupava a 48ª posição entre 144 países analisados. Em 2017, foi para o 80º lugar na lista de 137 países. "A perda da competitividade nacional compromete o crescimento econômico e a geração de emprego e renda", destaca o documento da CNI.