18/05/10 11h22

CNI eleva para 6% previsão de crescimento em 2010

O Estado de S. Paulo

A atividade econômica aquecida neste início de ano fez com que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisse para cima suas estimativas de crescimento para este ano. A entidade estima uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% em 2010, ante a previsão de 5,5% feita em dezembro passado. A indústria, fortemente castigada pela crise de 2009, é o setor que apresentará recuperação mais intensa.

O PIB industrial terá uma elevação de 8%. Anteriormente, a previsão era de 7%. A taxa de investimento na economia também teve um salto, passando de 14% para 18%. "Começamos o ano muito fortes, por isso a revisão para cima", disse o economista da CNI Marcelo Azevedo. Mas, enquanto há previsões de crescimento do PIB acima de 7% neste ano, a CNI optou por uma estimativa mais conservadora por causa dos juros. "A mudança na política monetária vai afetar a indústria, vai reduzir o acesso ao crédito."

Os efeitos da elevação do custo dos financiamentos serão mais visíveis no segundo semestre. Segundo Azevedo, que os primeiros meses do ano foram fortes porque refletem a recuperação da crise. A tendência, acredita ele, é o ritmo reduzir-se. "Acreditamos numa recuperação forte, mas ela não deve se manter até o fim do ano." Ainda assim, a atividade estará acima do esperado no fim de 2009. O consumo das famílias, que puxou o crescimento nos últimos anos, terá expansão de 6,2% ante a estimativa anterior de 5,6%. A projeção da taxa de desemprego foi reduzida de 7,6% para 7,2% no fim do ano.

Os novos números da CNI já levam em conta o corte de R$ 10 bilhões (US$ 5,7 bilhões) nas despesas federais anunciado semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A avaliação é que o corte não será suficiente para evitar a alta dos juros. Pela estimativa da entidade, a taxa básica deverá chegar a 11% no fim deste ano, ante uma estimativa de 8,75% em dezembro passado. A restrição de gastos tampouco evitará a deterioração do resultado das contas públicas. A CNI elevou de 1,9% do PIB para 3,05% a projeção do saldo negativo no conceito nominal, que leva em consideração os gastos com juros. Dessa forma, a dívida pública chegará a 41,8% do PIB, ante 40,5% do PIB estimados anteriormente.