09/11/09 11h35

Classes D e E viram prioridade para empresas

O Estado de S. Paulo

A classe C, que até pouco tempo atrás era a mais cortejada pela indústria e pelo comércio, começa a perder a atratividade para as camadas inferiores, as classes D e E, que ainda têm pouco acesso ao crediário e a renda menos comprometida com outras despesas, como internet, TV a cabo e prestações do crédito consignado.

Segundo pesquisa da LatinPanel, a classe C das regiões Norte e Nordeste, que tem renda mensal familiar entre quatro (R$ 1.860 / US$ 1081) e dez salários mínimos (R$ 4.650 / US$ 2704) gastou nos últimos 12 meses até setembro deste ano R$ 5,46 bilhões (US$ 3,2 bilhões) com alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. Essa cifra é 35% menor que a desembolsada com esses mesmos produtos pelas camadas A e B da população que vive na região Sudeste. "As classes D e E passaram a ser olhadas com mais carinho pelos empresários porque estão saindo do estágio de consumo de subsistência", afirma o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

Isael Pinto, presidente da General Brands, que produz sucos em pó e pronto para beber, já detectou o potencial desse novo mercado. Faz um mês que a companhia, que é dona da marca Camp, lançou um novo suco em pó. Batizado de Fructos Plus, o suco é voltado para a baixa renda do Norte e Nordeste.

O resultado dessa percepção do empresário já se traduz em números. No primeiro mês, já produziu e vendeu o pó para fazer o equivalente a 7,2 milhões de litros de suco. "O resultado nos surpreendeu. Já penso em montar uma fábrica no Nordeste", diz Pinto.

A Perfetti Van Melle, fabricante da bala Mentos, é outra indústria que acaba de colocar no mercado produtos feitos sob medida para as classes D e E do Nordeste. Tatiana Checchia Gonçalves, gerente da marca Mentos, conta que lançou quatro sabores da bala em embalagens menores: no lugar de 14 unidades são 11, o que reduz em 27% o preço do produto.