14/04/08 11h41

Classe C compra cada vez mais pela internet

Valor Econômico - 14/04/2008

Eles estão chegando e invadindo o varejo virtual, espaço até então dominado pelos consumidores endinheirados. A entrada da classe C, na avaliação de varejistas e indústrias de consumo, irá mudar a cara da internet, a começar pelo mix de produtos e de valor gasto nas compras virtuais. De acordo com pesquisa realizada pela e-Bit, a classe C, cuja renda familiar é de R$ 1 mil (US$ 571) a R$ 3 mil (US$ 1,7 mil), foi responsável por 35% das aquisições no varejo on-line em dezembro. Esse consumidor está desembolsando em média R$ 205 (US$ 117) em cada compra - um tíquete 57% inferior ao valor que os clientes das classes A e B costumam gastar nos sites, em torno de R$ 322 (US$ 184). Mas esse movimento está sendo compensado pelo maior volume de vendas. No ano passado, o e-commerce no Brasil cresceu 43%, atingindo um faturamento de R$ 6,3 bilhões (US$ 3,3 bilhões). Outro levantamento, da consultoria TGI, abrangendo um período mais longo, mostra que os internautas da classe C, que em 2000 respondiam por só 4,2% do e-commerce, já chegaram a 10,3% em 2007. Dados do varejo também confirmam a expansão do segmento. Na pontocom do hipermercado Extra, que recebe 2,8 milhões de visitantes por mês, a classe C já representa 20% da freguesia. Com mais dinheiro no bolso e maior familiaridade com o computador, a população de classe C está consumindo mais de tudo. Na internet, o grande atrativo tem sido os prazos de financiamento - hoje todos os sites parcelam no cartão em, no mínimo, 12 vezes - e o frete grátis. Além de usar a internet de uma forma diferente da classe A e B, a classe C também consome outros produtos. Os celulares estão entre os seis principais itens adquiridos em lojas virtuais pelas famílias com renda mensal de até R$ 3 mil (US$ 1,7 mil), mas o produto não está entre as preferências dos internautas mais abastados. Eles, por sua vez, costumam comprar eletrodomésticos nos sites, um artigo que não é uma prioridade na lista de compras da classe C, segundo o e-Bit . Para ambos os públicos, no entanto, a web oferece uma grande vantagem: o anonimato. "Um cliente da classe C pode sentir-se constrangido de entrar em uma loja mais sofisticada. Isso não existe na internet, onde ele pode olhar tudo", diz Francisco Donato, gerente de e-commerce do Magazine Luiza, rede de eletroeletrônicos com sede em Franca (SP). "O mesmo vale para os clientes das classes A e B, que poderiam sentir-se constrangidos ao freqüentar uma loja popular. Este público adora comprar produtos mais em conta na internet", diz Mattar.