15/04/11 10h49

Classe C começa a chegar aos resorts

Valor Econômico

Após descobrir as viagens de avião e os cruzeiros marítimos, a classe C começa a migrar para os resorts, empreendimentos concebidos para o entretenimento da classe A. Com preços quase 40% menores que concorrentes, a GJP Hotéis & Resorts tem atraído a classe C para o seu resort no litoral de Alagoas, na Praia de Sereia do Pratagy. De acordo com o diretor da GJP, Baltazar Saldanha, 80% dos seus hóspedes são da classe C. A estratégia foi cobrar apenas a diária com o café da manhã, sem o "all inclusive", tradicional sistema dos resorts brasileiros que inclui todas as refeições e bebidas consumidas durante a estadia.

Com isso, uma diária que custava R$ 250 (US$ 156) passou para R$ 160 (US$ 100). Após adotar essa estratégia, o executivo conta que a receita bruta do resort aumentou 27%. A GJP Hotéis & Resorts é controlada pela GJP Participações. Esta última tem como presidente o empresário Guilherme Paulus, também acionista da CVC, a maior operadora de turismo do país. A GJP Participações controla, ainda, a companhia aérea Webjet. "Assim como existem as companhias aéreas de custos baixos e os hotéis econômicos, porque não um resort econômico?", pergunta Saldanha. Segundo ele, a ideia era cobrar uma estadia "que coubesse no bolso do cliente".

Rubens Régis, presidente da Resorts Brasil, associação que reúne 45 resorts com faturamento de cerca de R$ 1 bilhão (US$ 568,2 milhões) em 2010, diz que a entrada da classe C nesse nicho ainda está no início, mas é uma tendência. De acordo com ele, o caso do resort da GJP em Alagoas não é um fato isolado, pois outros resorts estão adotando a mesma estratégia de preço. O executivo conta que ainda não é possível saber a quantidade de pessoas que estão aderindo aos resorts e são da classe C, mas por pouco tempo. "Vamos fazer uma pesquisa por classe social que vai identificar o perfil dos hóspedes dos resorts", diz Régis. O estudo fica pronto em julho.

Levantamento da Resorts Brasil mostra que em 2010, 80% dos hóspedes das 45 associadas à entidade eram brasileiros. Os 20% restantes foram estrangeiros. A taxa média de ocupação foi de 46%, dois pontos percentuais acima de 2009. Apesar dos descontos de alguns resorts para atrair a classe C, a diária média do ano passado foi de R$ 529 (US$ 300), segundo a Brasil Resorts. Régis diz que para muitos resorts é difícil criar um preço para a classe C porque são empreendimentos com altos investimentos e altos custos fixos. Ele conta que seriam necessários descontos de no mínimo 60% para atrair a nova classe média na baixa temporada. Mas na alta temporada as diárias médias teriam de ser reajustadas para compensar os valores promocionais.