Clariant diz que vai duplicar fábricas no pais
Valor EconômicoA suíça Clariant, uma das maiores fabricantes mundiais de especialidades químicas, vai duplicar a fábrica que opera em Suzano, no Estado de São Paulo, até o fim do ano que vem, para atender a demanda crescente da indústria de mineração por insumos usados no processamento de minérios.
A unidade fabril, que já é a maior do grupo para a produção de éter-aminas e a segunda maior da Clariant em todo o mundo, receberá investimento "multimilionário" - o valor exato do aporte e a capacidade de produção não são divulgados pela companhia.
"Vamos atender prioritariamente ao mercado doméstico, mas também temos o objetivo de suprir o mercado global", disse ao Valor o vice-presidente da Clariant Oil & Mining Services para a América Latina, Carlos Tooge.
As éter-aminas são usadas na purificação química do minério de ferro e possibilitam o beneficiamento da commodity e de fosfatos a partir de rochas com menor teor de ferro. "É um processo mais sofisticado", acrescentou Tooge.
Na primeira fase do projeto, que será concluída ainda neste trimestre, a Clariant está investindo em tecnologia, o que ampliará a produtividade na fábrica de Suzano. "Há uma pressão de custos constante. Por isso, além do aumento de capacidade, estamos investindo também em produtividade, o que já trará algum ganho de escala", afirmou o executivo.
A segunda etapa da expansão, que deve ser encerrada até o quarto trimestre de 2015, será dedicada ao aumento de capacidade propriamente dito. Com a ampliação, a fábrica paulista permanecerá como a segunda maior da Clariant do mundo e a maior na América Latina - o grupo é o único produtor de éter-aminas no país.
A Clariant não abre os dados financeiros relativos ao Brasil. Com sete unidades de negócio, o grupo registrou vendas totais 6,08 bilhões de francos suíços (ou US$ 6,7 bilhões) em 2013. A América Latina representou 15,3% do faturamento e a área de Recursos
Naturais, da qual faz parte a unidade de óleo e mineração, contribuiu com 21,1% das receitas.
Conforme Tooge, diante da existência de excedente produtivo no mercado internacional, houve algum aumento nas importações brasileiras de éter-aminas. "O mercado químico é extremamente competitivo. Mas o foco da Clariant é investir nos mercados onde atua e não importar", disse.
Em 2012, a mesma fábrica de Suzano já havia passado por um processo de ampliação, que também duplicou a capacidade instalada. De lá para cá, o grupo continuou investindo na área de mineração na América Latina, com a expansão da capacidade de químicos para cobre no Chile e, no fim do ano passado, com a inauguração de um laboratório de pesquisa e inovação em Belo Horizonte (MG).
O novo investimento em Suzano, afirmou Tooge, está em linha com o cronograma planejado e o momento negativo que atravessa a indústria química brasileira não atrapalhou os planos. "Não são sazonalidades que vão alterar esse cronograma", afirmou. No Brasil, a Clariant fornece éter-aminas para todas as mineradoras em operação, incluindo a Vale, que é a maior mineradora de ferro do mundo.