15/05/10 10h44

Citrosuco e Citrovita se unem e criam líder mundial em suco de laranja

O Estado de S. Paulo

A Citrosuco, do Grupo Fischer, e Citrovita, do Grupo Votorantim, vão ocupar a liderança mundial na produção de suco de laranja. As duas companhias anunciaram ontem a criação de uma nova empresa formada pelos ativos das duas, com sete fábricas, oito terminais e cinco navios, além de pomares, no Brasil e no exterior. Cada uma das empresas terá 50% de participação na nova gigante. Juntas, elas chegam ao mercado com um faturamento de R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão).

Com a união dos ativos, elas passam a ter 25% do mercado mundial de suco de laranja e entre 40% e 45% de toda a laranja processada no País, deixando para trás a Cutrale, que até agora detinha a liderança, com cerca de 35% do total de frutas adquiridas pela indústria nacional. O mercado estima que, antes da fusão, a Citrosuco detinha por volta de 35% do mercado e a Citrovita, na casa dos 20%. A multinacional Louis Dreyfus tem cerca de 15%. De acordo com o acordo entre os controladores, a gestão será equânime. Tales Lemos Cubero, presidente da Citrosuco, ficará no comando do novo negócio. Já Mário Bavaresco Júnior, que preside a Citrovita, ocupará o cargo de diretor-geral. As demais diretorias serão divididas igualmente entre os dois sócios.

A exemplo do que vem acontecendo em outros setores do agronegócio, como o de carnes, a citricultura brasileira apostou na união para ganhar força. "Teremos massa crítica para enfrentar a consolidação no exterior. Nos Estados Unidos e na Europa, tanto as redes varejistas quanto as engarrafadoras de suco são muito concentradas. Juntas, podemos negociar melhor e enfrentar a competição de outras bebidas", explica Cubero.

Paulo Sader, produtor paulista, diz que a fusão será ruim: "Com o mercado mundial de suco em queda, as duas empresas poderão ser quase autossuficientes na produção de frutas, e vão comprar laranjas de produtores apenas para complementar." Presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas também é contra a fusão. "Há uma cartelização já denunciada (ao Cade). A fusão só vai piorar a situação do produtor", afirma.