21/01/10 10h50

Citricultor prevê forte alta da laranja em SP

Valor Econômico

Os citricultores paulistas esperam conseguir na safra 2010/11, cuja colheita começa em maio, uma remuneração média pela caixa de laranja vendida às indústrias exportadoras de suco pelo menos 40% superior à obtida na recém-encerrada temporada 2009/10.

Em reunião realizada ontem na sede da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), no centro da capital, presidentes de quase 30 sindicatos rurais de praticamente todas as regiões concluíram que as perspectivas de redução da oferta da fruta e de reação do consumo externo de suco permitem o aumento estimado, necessário para amenizar os efeitos do deficitário ciclo passado.

Segundo Marco Antonio dos Santos, coordenador da mesa diretora de citricultura da Faesp e presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, o cenário indica que as indústrias exportadoras de suco (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus) terão de oferecer, no mínimo, R$ 10 (US$ 5,8) por caixa de 40,8 quilos de laranja para processamento em 2010/11, ante R$ 7 (US$ 4,1), em média, pagos em 2009/10.

José Osvaldo Junqueira Franco, presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, vai além: para ele, é possível obter entre R$ 12 (US$ 7) e R$ 15 (US$ 8,7), até porque os custos médios de produção seguem em torno de R$ 10 (US$ 5,8) - ainda que muitos citricultores consigam gastar menos, apesar da alta dos custos com mão-de-obra e controle de doenças. Os insumos, por exemplo, caíram em relação à safra 2009/10.

Com as cotações internacionais do suco em alta desde o ano passado, graças a projeções de redução da oferta de laranja em São Paulo e na Flórida - que reúnem os dois maiores parques citrícolas do mundo - e a uma leve recuperação do consumo nos EUA, as próprias indústrias, reunidas na Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR), previram no fim de 2009 que os benefícios da valorização chegariam aos citricultores agora.

Os produtores sabem, porém, que isso não significa que as empresas concordarão em repassar toda esta valorização a seus fornecedores de matéria-prima, inclusive porque boa parte da nova safra já está comprometida com as indústrias em contratos de longo prazo com valores pré-definidos. Ontem, na bolsa de Nova York, o suco concentrado e congelado subiu 1,7% e voltou ao maior patamar desde o início de 2008. Nos últimos 12 meses, a alta chega a 83,63%, conforme cálculos do Valor Data baseados nos contratos de segunda posição de entrega.

Em Roterdã (Holanda), principal porto de entrada do suco brasileiro na Europa, maior mercado da commodity no exterior, as cotações subiram para US$ 1.550 a tonelada e se estabilizaram nesse patamar no início do mês, conforme informou recentemente ao Valor Maurício Mendes, da AgraFNP e do Grupo de Consultores em Citrus (GConsi).