Cimenteira troca coque por 'lixo' nos fornos e reduz custos
Valor Econômico - 04/12/2006
Em tempos de petróleo caro e preocupações com o meio ambiente, a indústria de cimentos brasileira aumenta suas apostas em uma prática difundida há mais de 30 anos no exterior e que começa a se consolidar no país: o co-processamento, pelo qual parte dos combustíveis fósseis são substituídos por resíduos de outros setores - como pneus, solventes e solos contaminados - para gerar energia. Das 47 unidades de produção do país, 36 já adotam a prática. A Votorantim Cimentos, maior produtor nacional, foi uma das pioneiras em co-processamento no Brasil. Começou a adotar a técnica em 1991 e, hoje, 11 de suas 16 fábricas fazem o co-processamento e uma está em fase de licenciamento ambiental. A expectativa é processar 345 mil toneladas de resíduos este ano, o que representará uma substituição térmica de 9%. Para 2007, a substituição térmica do grupo deverá chegar a 15%, graças a um investimento de cerca de US$ 7 milhões para a compra e instalação do primeiro "hot disk" do país, uma câmara de combustão para o co-processamento de pneus inteiros, instalada na fábrica de Salto (SP). O "hot disk" tem capacidade para destruir 60 toneladas de pneus/dia - o equivalente a 12 mil pneus. Esses resíduos respondem a mais de 30% da matéria-prima utilizada pelo grupo. Embora seja difícil se calcular com precisão a economia gerada pelo co-processamento, já que os investimentos para adaptação de fornos e mão-de-obra especializada são altos, alguns números ajudam a vislumbrar porque essa prática é um bom negócio financeiro.