28/01/10 10h33

Cidades disputam estação do trem-bala em SP

Valor Econômico

Os representantes das principais cidades do Vale do Paraíba compareceram em peso, ontem, à primeira audiência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em São José dos Campos, para discutir o impacto do projeto do trem de alta velocidade (TAV) na região. O projeto, elaborado pelo governo federal, prevê a construção de duas estações na região, mas definiu apenas uma parada obrigatória, em Aparecida, deixando ao consórcio vencedor a escolha de outro terminal. Pelo menos Taubaté, Jacareí e a própria São José dos Campos querem sediar um terminal do trem. Para isso, fazem estudos e já prometem benefícios fiscais.

A primeira fase do projeto considerava São José dos Campos como referência para uma das paradas obrigatórias, mas o edital da ANTT decidiu flexibilizar a localização das estações, de modo a acomodar o projeto de acordo com o traçado que será definido com o consórcio vencedor. Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, Felipe Cury, a construção de uma estação na cidade deixou de ser um ponto pacífico para virar uma questão de guerra e de política entre os municípios do Vale do Paraíba. São José dos Campos, segundo o prefeito Eduardo Cury (PSDB), possui hoje a terceira maior demanda de passageiros para o trem-bala, à frente de cidades como o Rio de Janeiro.

Para o prefeito de Jacareí, Hamilton Ribeiro Mota (PT), não existe disputa política pela estação na região. Mota, no entanto, fez questão de ressaltar que Jacareí reúne condições para abrigar uma estação do trem-bala. O diretor de planejamento da prefeitura de Taubaté, Antônio Carlos Pedrosa, disse que o município apresentará um projeto alternativo para o TAV. O estudo da prefeitura, segundo Pedrosa, mostrará as vantagens da instalação da estação em Taubaté.

O deputado estadual Carlos de Almeida (PT/SP) diz que a estação ficará em São José dos Campos. "O estudo referencial da ANTT indicou a cidade como a melhor alternativa no lado paulista do Vale, baseado em estudos técnicos de demanda, custo de obra, dificuldade geológica e impacto ambiental." Segundo o deputado, 90% dos R$ 34,4 bilhões (US$ 18,8 bilhões) a serem investidos no projeto terão que ser custeados pela tarifa. "Não tem porque eles deixarem de escolher a cidade mais populosa e com maior renda per capita do Vale do Paraíba. Toda a região vai ganhar."

O edital definiu a obrigatoriedade de construção de, no mínimo, nove estações. Campinas (duas), São Paulo, Guarulhos, Aparecida e Rio de Janeiro (duas) estão confirmadas. As duas restantes deverão ser instaladas no Vale do Paraíba paulista e no Vale do Paraíba fluminense, a critério do consórcio vencedor. Hoje há nova audiência em Aparecida e amanhã ocorre a última, em Barra Mansa (RJ).