Chineses podem vir a fabricar helicópteros em São José
Especulações começaram após visita do ministro da Ciência e Tecnologia da República Popular da China, Wan Gang, ao Parque Tecnológico da cidade
DCIA questão vem sendo mantida em sigilo, mas os estudos feitos pela China sobre o polo aeroespacial de São José dos Campos são cada vez mais avançados em sua busca de locais propícios a investimentos na América Latina.
Desde que o ministro da Ciência e Tecnologia da República Popular da China, Wan Gang, visitou o Parque Tecnológico de São José dos Campos há um mês exatamente, há uma forte especulação de que uma fábrica de helicópteros possa ser instalada na cidade.
O Brasil e a China têm uma larga experiência de projetos em parceria, principalmente ligados ao polo de São José dos Campos. A nova proposta entre os dois países em estabelecer uma ampliação nos projetos comuns deu início às ações de cooperação bilateral iniciadas em ciência, tecnologia e inovação e agora abrangerá também a área de parques tecnológicos entre os dois países.
O encontro, por parte dos chineses, é também uma avaliação do potencial do Vale do Paraíba ter uma fábrica de helicópteros. As empresas que fornecem para a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e os núcleos de pesquisas sobre materiais compostos e a cadeia produtiva da Helibras, sediada em Itajubá, no sul de Minas Gerais, são pontos atrativos para a China. Além da reformulação curricular que passará o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o ingresso de novos cursos com associações internacionais.
O governo chinês vê grandes dificuldades para estabelecer sua fábrica de aeronaves de asas rotativas na Argentina, conforme anunciado neste ano, por falta de qualificação de mão de obra e de empresas parceiras.
Nem o polo de Córdoba, que foi um grande centro aeronáutico no passado e tem sido retomado nos últimos anos, terá qualificação para as exigências da China. Além disso, a proximidade de São José dos Campos com os programas chineses é grande.
O objetivo da China é ampliar sua participação no programa espacial brasileiro, com a produção de mais satélites com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e ingressar no mercado de lançadores de satélites em parceria com o Brasil, depois do fracasso da associação com os ucranianos na Alcantara Cyclone Space (ACS)
O caso está ainda sendo tratado preliminarmente, embora a decisão possa sair ainda este ano. Não está descartada que as conversas avancem para pré¬-entendimentos sobre a fábrica de helicópteros aportar de vez no Brasil. A China tem uma joint venture, a Harbin¬ Embraer, para a produção de jatos na China há mais de uma década.
Um dos exemplos sobre as facilidades encontradas pelos chineses está no fato de o polo aeronáutico já constituído em São José dos Campos ser o maior do hemisfério sul e um dos mais destacados do mundo. Além das mudanças anun¬ciadas na expansão do ITA prever o aprimoramento nas áreas de pesquisas acadêmicas sobre novos produtos para o setor aeroespacial brasileiro, no qual contemplaria as aeronaves de asas rotativas.
Anunciada com muita publicidade, a produção na Argentina do helicóptero chinês multimissão CZ¬11, em 2012, inclusive com voo demonstrativo, não progrediu a contento, apesar do apoio do governo do país vizinho, embora já tenha reconhecido a dificuldade em suprir as necessidades industriais e de mão de obra qualificada para o empreendimento.
Os chineses também buscam acordos, além da área espacial, em nanotecnologia e veículos elétricos. Participaram da visita da delegação da China ao Parque Tecnológico, em 19 de junho passado, representantes da empresa Embraer, Boeing e da chinesa BYD, e autoridades locais: o prefeito Carlinhos Almeida, vice¬ prefeito Itamar Cóppio e vários secretários. Também participou da reunião o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho. DIVULGAÇÃO A China tem uma joint venture, a Ilarbin¬ Embraer, para a produção de jatos na China há mais de uma década. Além disso, existe o fato de o polo aeronáutico já constituído em São José dos Campos ser o maior do hemisfério sul e um dos mais destacados em todo o mundo.