08/06/11 11h17

Chineses investem em fábricas no Brasil

Valor Econômico

Apesar do dólar abaixo de R$ 1,60 e da competição pesada, a chinesa TCL planeja montar uma fábrica de celulares no Brasil. O plano de investimentos e o local ainda estão em fase de estudos. Com ações na bolsa de Hong Kong e um complexo industrial na cidade de Shenzen, a TCL engrossa a lista das empresas chinesas de tecnologia interessadas em abrir ou ampliar suas fábricas no Brasil.

O anúncio mais ruidoso foi feito pela Foxconn. A companhia de origem taiwanesa - que tem a maior parte de seus negócios na China - vai inaugurar uma linha de montagem para a Apple no Brasil e planeja instalar uma fábrica de painéis de LCD, com investimento de até US$ 12 bilhões. A ZTE, fabricante de celulares e equipamentos para redes de telecomunicações, planeja investir US$ 200 milhões em Hortolândia (SP). No local, pretende instalar uma fábrica e seu primeiro centro de pesquisas na America Latina. A Huawei - principal concorrente da ZTE - também revelou que vai investir US$ 350 milhões em um centro de desenvolvimento. Alguns produtos já são feitos no Brasil sob encomenda, mas com o crescimento do mercado a empresa diz estar disposta a "se desenvolver localmente" no longo prazo.

A estabilidade política e econômica do Brasil e a expansão dos mercados de computadores e telefones móveis são as razões mais diretas para o interesse. Mas o reforço nas operações dos chineses também está relacionado ao cenário interno da própria China. O crescimento do país aumentou o custo de vida e, consequentemente, da mão de obra. Segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o custo por hora de um empregado chinês mais que dobrou entre 2002 e 2008, para US$ 1,36. O valor é bem menor que os US$ 8,48 do Brasil, mas há sinais de que continuará aumentando.

Produzir na China continua sendo mais barato para a TCL, mas a fábrica no Brasil pode facilitar o crescimento local. "A logística é mais fácil e você tem um controle melhor dos estoques", diz Marcus Daniel Machado, executivo-chefe da Alcatel One Touch, subsidiária de telefonia móvel do grupo. A ZTE também acena com uma nova tentativa de fabricar no Brasil. O movimento chinês tem sido estimulado por políticas fiscais do governo brasileiro. Na semana passada, foram reduzidos os impostos para a fabricação de tablets. Além da montagem local, a medida faz exigências sobre o uso de componentes fabricados no Brasil. Em 2010, o déficit da balança comercial do setor de tecnologia foi de US$ 18,3 bilhões.