Chineses ampliam investimento no Cidade Matarazzo
Valor EconômicoUma nova fase de investimentos no Cidade Matarazzo, empreendimento de luxo localizado em São Paulo, e que reúne torre residencial, hotel e shopping center, foi confirmada ao Valor ontem, com mais um aporte em torno de R$ 290 milhões por parte da holding chinesa Chow Tai Fook Enterprises Limited (CTF), da família Cheng, a terceira mais rica de Hong Kong.
O projeto envolve a construção do primeiro hotel seis estrelas do grupo francês Allard no país, o Rosewood São Paulo, e todo o empreendimento deve somar desembolsos de R$ 1,5 bilhão até a sua abertura, em 2019. O Allard e CTF são sócios no Cidade Matarazzo.
Estão sendo desembolsados cerca de R$ 400 milhões pelo Allard, sócio controlador do projeto. Além dos R$ 290 milhões aportados pela CTF, outros R$ 250 milhões foram obtidos por meio de uma linha de financiamento no banco Votorantim.
Ao se considerar os valores já desembolsados desde o início da construção, em abril de 2016, e também os recursos recém obtidos no financiamento e com a holding chinesa, a soma atinge quase R$ 1 bilhão. Considerando que o total a ser aplicado no projeto deve atingir R$ 1,5 bilhão, ainda restam mais R$ 500 milhões.
Segundo Alexandre Allard, presidente do Grupo Allard, esses recursos finais, de R$ 500 milhões, podem ser obtidos por meio de novos financiamentos bancários e do caixa que deve ser gerado com a venda dos imóveis. São 122 apartamentos e 150 quartos de hotel.
Com o aporte dos chineses, Allard dilui sua posição, que passa para cerca de 60% do empreendimento - eram 65% - e a CTF aumenta de 35% para 40%. Não há expectativa, por parte do grupo francês, de reduzir mais sua participação. "Não precisamos de novos investidores e não há busca de novos sócios hoje", diz o presidente.
Em 2011, o Grupo Allard comprou o terreno do Humberto Primo, conhecido como Hospital Matarazzo, por R$ 117,5 milhões, da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). Em 2014, a CTF entrou no negócio, com aporte de R$ 165 milhões.
É o primeiro investimento no país da CTF, com negócios na área de telefonia, varejo de joias, hotéis e cassinos. Na próxima semana, o Allard deve divulgar o andamento do projeto do shopping, que deve ocupar 25 mil m2. Marcas internacionais devem ocupar parte da área, e negociações estão sendo feitas para tentar vender o projeto.
Questionado sobre a decisão de investir num momento de recessão, Allard defende o projeto. Diz que o empreendimento ficará pronto quando já tiver passado o pior da crise. E fala que outros países, como EUA e parte da Europa, podem enfrentar um difícil momento econômico quando o Brasil estiver recuperando o crescimento.