Chinesa CTF entra no Cidade Matarazzo
Valor EconômicoA holding chinesa Chow Tai Fook Enterprises Limited (CTF) Development fechou seu primeiro investimento imobiliário no Brasil. A chegada se deu por meio da compra de 35% do projeto Cidade Matarazzo, em desenvolvimento pelo Grupo Allard no local onde funcionou o Hospital Humberto I, nas proximidades da Avenida Paulista, em São Paulo.
A CTF, sediada em Hong Kong, fez aportes de R$ 165 milhões para ingressar no projeto. Trata-se do primeiro investimento chinês expressivo em um empreendimento imobiliário desenvolvido no Brasil. O Grupo Allard ficará com a fatia majoritária de 65% do Cidade Matarazzo. O projeto é o único investimento do grupo francês no país.
O Cidade Matarazzo terá Valor Geral de Vendas (VGV) superior a R$ 1,6 bilhão, conforme o diretor-geral do grupo Allard no Brasil, Eduardo Machado. Trata-se de empreendimento de uso misto de alto padrão, com área destinada ao varejo no edifício em que funcionava o hospital. Na edificação destinada, anteriormente, à maternidade, será desenvolvido um hotel. Uma torre também será erguida no terreno, mas detalhes sobre seu potencial uso não são divulgados.
Há expectativa de que as licenças para o projeto sejam aprovadas pelos órgãos reguladores no segundo semestre de 2014. O prazo estimado pelo representante do Grupo Allard para a conclusão do desenvolvimento do Cidade Matarazzo é de dois anos e meio a três anos após a obtenção das licenças.
O projeto terá área computável de 65 mil m2 a 70 mil m2. "Parte do portfólio do projeto poderá ser vendida", conta Machado.
O Grupo Allard comprou o terreno de 27 mil m2 por R$ 117,5 milhões, em 2011, da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). O Hospital Humberto Primo, também conhecido como Hospital Matarazzo, funcionou no local de 1904 a 1994. As construções do local são tombadas, o que torna o desenvolvimento do projeto mais complexo do que uma incorporação tradicional.
Desde a compra do terreno, em 2011, as atenções do Grupo Allard em relação ao Cidade Matarazzo se voltaram para conversas com o Conselho de Defesa do Patrimônio Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), com o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e associações de bairro, além da definição dos contornos do projeto a ser desenvolvido.
Uma ação civil pública que não permitia novas construções no local foi extinta, e um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado pelo Grupo Allard em maio de 2012.
Definida essa etapa, o Grupo Allard partiu para a busca de um novo sócio para o Cidade Matarazzo no segundo semestre de 2012. De acordo com Machado, grupos locais e internacionais se interessaram pelo projeto e, na definição do novo sócio, pesou a experiência da CTF na área imobiliária, assim como o portfólio diversificado de produtos.
O martelo foi batido em maio do ano passado, e o contrato assinado em novembro, após período de due dilligence (auditoria de dados). Desde então, foi definida a estruturação do conselho de administração do Cidade Matarazzo. O Grupo Allard ficou com quatro assentos - incluindo o de presidente, ocupado por Alexandre Allard, criador do grupo -, e a CTF, com os outros dois.
Do ponto de vista da necessidade de capital, não será preciso buscar mais um sócio para o Cidade Matarazzo, de acordo com o presidente do Grupo Allard no Brasil. Parcerias poderão ocorrer para demandas específicas.