04/05/11 11h32

Chinesa CPIC entra no segmento de fibra de vidro no Brasil

Valor Econômico

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça deve aprovar, hoje, a entrada de chineses no ramo de fibras de vidro no Brasil. O órgão antitruste vai julgar a aquisição da fábrica da Owens Corning, em Capivari, no interior de São Paulo, pela Chongqing Polycomp International Corporation (CPIC). Trata-se de uma das maiores empresas chinesas do setor. O negócio com os chineses só foi possível porque, em julho de 2008, o Cade vetou a compra da Compagnie de Saint-Gobain pela Owens Corning. A união da Saint-Gobain com a Owens foi vetada porque o órgão antitruste verificou que havia risco de monopólio no setor. As duas empresas são as únicas fabricantes de fibra de vidro no Brasil.

Em 2008, Fernando Furlan, o atual presidente do Cade, era o relator do processo. Na ocasião, ele concluiu que a fábrica de Capivari deveria ser vendida para uma empresa independente da Owens e da Saint-Gobain. Além disso, Furlan entendeu que a compradora deveria ter atuação no mercado de fibras de vidro. Ele também determinou que o nível de investimentos na unidade de Capivari e a base de clientes fossem mantidos até a venda para um terceiro concorrente da Owens e da Saint-Gobain. A CPIC se interessou pelo negócio. A direção da Owens acabou aprovando-o em reunião da diretoria da empresa realizada em Toledo, Ohio, nos Estados Unidos, em fevereiro. Com a obrigação de se desfazer da fábrica de Capivari, a Owens vai concentrar as suas atividades na fábrica que tem em Rio Claro, também no interior paulista.

Para Vicente Bagnoli, advogado que representa os chineses, a compra da fábrica da Owens "representa uma oportunidade de negócio à CPIC". Segundo ele, a empresa "passará a atuar diretamente no mercado brasileiro de reforços de fibras de vidro, produzindo em território nacional, comercializando tais produtos, prestando suporte técnico e incentivando a inovação junto aos clientes, além de estimular novas aplicações do produto". A preocupação do Cade com a competição no setor se justifica, pois a fibra de vidro é matéria-prima para uma série de indústrias. A indústria automotiva utiliza as fibras para fazer amortecedores. Já o setor de construção fabrica painéis de fachadas e portas de entrada para residências a partir de fibras de vidro.