12/09/22 12h44

China e EUA: superpotências são principais fontes do superávit e déficit acumulados pelo Brasil no comércio exterior

Comex do Brasil

As duas maiores potências comerciais do planeta, China e Estados Unidos, são, respectivamente, as principais fontes do superávit e déficit acumulados pelo Brasil no período janeiro-agosto de 2021, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.

Nos oito primeiros meses do ano, o Brasil acumulou um saldo de US$ 23,314 bilhões (mais da metade de todo o superávit de US$ 44, 005 bilhões obtido pelo País até agosto de 2022) no intercâmbio com os chineses e amargou o maior déficit na história do comércio bilateral com os americanos ou com qualquer outro país para o período, da ordem de US$ 10,457 bilhões.

Em relação às trocas com a China, o mês de agosto tornou evidente o início de uma ligeira desaceleração das exportações brasileiras, que contraíram 2,1% em oito meses, para US$ 63,054 bilhões. Em contrapartida, o período apresentou uma forte alta das importações chinesas, que cresceram 35,1% no período e totalizaram US$ 35,740 bilhões. Com isso, a corrente de comércio (exportação+importação) apresentou um incremento de 9,6% e somou US$ 102,794 bilhões.

China: pauta concentrada em produtos básicos

O intercâmbio com os chineses segue tendo como destaques a forte concentração das exportações brasileiras em commodities de baixo valor agregado, enquanto a pauta exportadora do país asiático tem composição diametralmente oposta e se envolve quase que exclusivamente os itens industrializados, que envolvem tecnologia e agregam valor.

Nesse contexto, apenas três produtos (soja em grãos, minério de ferro e petróleo) responderam por 78% de todo o volume embarcado pelas empresas brasileiras com destino à China.

As exportações de soja cresceram 20,2% até agosto, comparativamente com os oito primeiros meses de 2021 e geraram uma receita recorde de US$ 26,3 bilhões, respondendo por 42% das vendas totais aos chineses. Em queda de 38%, as exportações de minério de ferro somaram US$ 12,6 bilhões e ficaram com uma fatia de 20% do total embarcado. Por outro lado, os embarques de petróleo tiveram uma ligeira alta de 1,99% para US$ 10,1 bilhões, correspondentes a 16% do total embarcado.

Outros destaques da pauta exportadora para a China foram a carne bovina, com as vendas em alta de 69,7% e uma receita no valor de US$ 5,3 bilhões (participação de cerca de 6% nas exportações) e celulose, que cresceram 8,56% para US$ 1,96 bilhão, responsável por 3,1% nas vendas totais para o gigante asiático.

Do lado chinês, os cinco principais produtos vendidos ao Brasil, todos eles produtos industrializados, foram válvulas e tubos termiônicas (US$ 4,7 bilhões); compostos organo-inorgânicos (US$ 3,4 bilhões); equipamentos de telecomunicações (US$ 2,8 bilhões); inseticidas, fungicidas, etc (US$ 1,98 bilhão); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 1,96 bilhão).

EUA; maior abertura para manufaturados

E se a China é a grande responsável pelo saldo positivo nas trocas externas brasileiras, os EUA foram, de longe, o país com o qual o Brasil registrou o maior saldo negativo em seu comércio exterior até o mês de agosto. No período, as exportações brasileiras cresceram 27,7% e somaram US$ 24,717 bilhões, enquanto as vendas americanas tiveram uma alta ainda mais expressiva de 48,1% para US$ 34,935 bilhões.

Com esses números robustos, o fluxo de comércio bilateral totalizou US$ 59,412 bilhões (alta de 19,3% comparativamente com idêntico período de 2021) e a balança comercial resultou em um saldo negativo de US$ 10,457 bilhões, bastante superior ao déficit de US$ 8,240 bilhões acumulado em todo o ano passado.

Apesar do expressivo saldo negativo, é importante destacar que nenhum outro entre os grandes parceiros comerciais do Brasil mantém com o País uma relação comercial marcada pela participação tão expressiva dos bens industrializados como os Estados Unidos.

As vendas para o mercado americano têm entre seus cinco produtos de maior peso itens básicos, como petróleo em bruto e café não-torrado, mas o líder da pauta exportadora são produtos semiacabados, lingotes de ferro ou aço, com um total de US$ 3,2 bilhões, e participação de 13% nas vendas totais aos americanos.

A relação dos “Top 5” do Brasil é integrada ainda pelo petróleo (US$ 3,2 bilhões e participação de 7,9%), aeronaves (US$ 1,3 bilhão, com participação de 5,3%), ferro-gusa (US$ 1,3 bilhão e 5,3%); e café não-torrado (US$ 113 bilhão e 4,6%).

Do lado americano, os grandes destaques nas exportações são óleos combustíveis, petróleo e gás natural, itens que tiveram forte expansão importações brasileiras, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Os cinco principais itens da pauta exportadora americana foram óleos combustíveis (US$ 8,9 bilhões); motores e máquinas não-elétricos (US$ 2,8 bilhões); gás natural (US$ 2,7 bilhões); petróleo (US$ 2,2 bilhões); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 1,43 bilhão).

fonte: https://www.comexdobrasil.com/china-e-eua-superpotencias-sao-principais-fontes-do-superavit-e-deficit-acumulados-pelo-brasil-no-comercio-exterior/