29/03/18 15h30

Chamada pública será feita em abril

Valor Econômico

O apoio do BNDES a projetos de internet das coisas (IoT) mobiliza diferentes áreas do banco e envolve o elenco de instrumentos de financiamento da instituição, o que mostra que também para instituição IoT é tema transversal a todos os ambientes.

Com esse enfoque de integração, o BNDES lançará em abril chamada pública para a seleção de projetos piloto para IoT, numa primeira etapa em cidades, campo e saúde - três das quatro áreas apontadas como prioritárias pelo estudo "Internet das Coisas: Um Plano de Ação para o Brasil", financiado pelo Fundo de Estruturação de Projetos (FEP) do banco para subsidiar o Plano Nacional de IoT do governo. O banco receberá durante dois meses propostas de projetos para os "consórcios piloto".

Num modelo inédito, os consórcios serão compostos por fornecedores de soluções tecnológicas, por usuários de IoT e por instituições de ciência e tecnologia. Haverá ainda um avaliador, responsável por aferir o impacto das soluções aplicadas nos pilotos. "O piloto visa acelerar o desenvolvimento de IoT no Brasil, integrando os atores envolvidos no tema", explica Carlos Eduardo Azen, gerente do Departamento de Indústrias de Tecnologia de Informação e Comunicação (Detic) do BNDES.

O banco sempre atuou na cadeia de fornecedores de soluções tecnológicas, com financiamentos à produção de equipamentos de conectividade, sensores, software. "Mas busca agora agregar tudo isso por meio desses consórcios, e gerar soluções inovadoras para diferentes ambientes", afirma Azen.

"Queremos integrar soluções tecnológicas que já estejam próximas do mercado, juntando quem fornece tecnologia e quem consome", completa o chefe do Detic, Ricardo Rivera. Segundo ele, cada consórcio contará com até R$ 1 milhão do BNDES em recursos não reembolsáveis, e com contrapartida de igual valor. O tomador será a instituição de ciência e tecnologia ou a universidade, seguindo, assim, formato do Funtec, o fundo de apoio tecnológico do BNDES. O banco não tem definido o orçamento total do programa.

Poderá ser criado mais de um consórcio para cada área de atuação e os projetos deverão ser replicados, pois as soluções ficarão disponíveis para a sociedade. "Esperamos receber muitas propostas para formação dos consórcios", diz Azen, observando que as áreas prioritárias têm estratégias específicas. Nas cidades, alguns alvos são mobilidade, segurança pública e eficiência energética. Na saúde, o monitoramento de doenças crônicas, controle de epidemias, aumento da eficiência hospitalar. No campo, monitoramento meteorológico, controle de pragas, sustentabilidade socioambiental, entre outros.

O BNDES está também adaptando suas linhas indiretas (que são operadas por agentes financeiros) à realidade da IoT. Segundo o superintendente da área de operações indiretas do banco, Marcelo Porteiro, o cartão BNDES, para micro, pequenas e médias empresas, passará a financiar serviços de IoT.

O Finame, destinado à aquisição de bens de capital, vai ampliar o credenciamento de equipamentos para a internet das coisas; o juro básico para micro, pequenas e médias empresas cairá para 1,5% ao ano; e a linha terá uma modalidade de taxa fixa até o final da amortização. O banco estuda ainda financiar pacotes combinados de serviços e equipamentos de IoT.

Também a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vê crescer a demanda por soluções de IoT. Das 503 propostas recebidas na primeira rodada do programa Finep Startups, 135 foram para IoT, "tema que mais submeteu projetos", destaca Raphael Braga, gerente de Empreendedorismo e Investimentos em startups da Finep. Entre as 366 propostas da segunda rodada, 48 foram de IoT. Juntas, as duas etapas receberam 184 demandas em IoT, 21% do total apresentado.

O programa destinou R$ 50 milhões para investir em 50 pequenas empresas de base tecnológica. Desenvolvido para assumir risco de forma mensurada, aportará até R$ 1 milhão na startup por meio de um contrato de opção de compra de ações, em caso de sucesso do negócio. "São pequenas empresas já com experiência em processo de inovação. Elas precisam de recursos para dar o salto em ganhos de escala, mas têm dificuldade de acesso a crédito", diz Braga, observando que a maioria dos participantes apresentou faturamento de até R$ 2 milhões/ano.