Ceratti investe para tentar mostrar que 'não é só mortadela'
Valor EconômicoA Ceratti, empresa de embutidos com sede em Vinhedo (SP), colocou em prática na última semana seu plano de expansão anunciado em 2014, que inclui investimentos na produção e distribuição fora do eixo Rio-São Paulo e uma campanha de marketing em nível nacional. O investimento previsto para o ano em produção e marketing é de R$ 32 milhões, o que equivale a 11% da receita projetada para este ano.
Neste mês, a empresa começou a ampliar a oferta de embutidos no mercado, o que foi possível graças a um acordo de terceirização firmado com a cooperativa Castrolanda, do Paraná. A cooperativa vai fornecer à Ceratti 800 toneladas de frios e embutidos (como presunto, salame e linguiças) por mês a partir da unidade fabril de Castro (PR).
Além disso, a Ceratti vai ampliar a capacidade produtiva da sua fábrica de Vinhedo de 1,2 mil toneladas por mês para 1,5 mil toneladas ao mês, com um investimento de R$ 20 milhões. Desse valor, R$ 4 milhões são recursos próprios e R$ 16 milhões, recursos do BNDES.
O plano original da Ceratti era ampliar a oferta de produtos no mercado já a partir de setembro do ano passado. Mas, segundo Edmilson Barbosa, presidente da companhia, houve atraso na definição das regras do contrato com a Castrolanda. O atraso também acabou levando a Ceratti a ter em 2014 uma receita inferior à inicialmente prevista. O faturamento chegou a R$ 230 milhões, 16% maior que em 2013, mas abaixo da previsão de R$ 240 milhões. Para 2015, disse ele, a meta é alcançar R$ 300 milhões em receita.
Com a parceria com a Castrolanda e a ampliação da fábrica, a capacidade de produção da empresa vai chegar a 2,3 mil toneladas por mês até o fim de 2016, quase o dobro da capacidade do ano passado. Mário Ceratti, sócio e diretor estatutário da companhia, disse que começou a ampliar a distribuição em fevereiro deste ano e esperar que a demanda cresça nos próximos meses com a campanha de marketing e o aumento de parcerias para distribuição.
A Ceratti tem vendedores próprios em São Paulo e Campinas e representantes comerciais na Bahia, em Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Também desenvolve um projeto de instalação de um centro de distribuição no Rio de Janeiro para atender o restante do país. "Hoje o tamanho da empresa é pequeno em relação aos seus principais rivais. Nossa participação de mercado é de 2%. Com a expansão podemos chegar a 3% até 2017", afirmou o empresário.
Conforme a Euromonitor, o mercado de embutidos movimentou R$ 2,01 bilhões em 2014, com crescimento de 5,6%. A marca líder é a Sadia (da BRF), seguida por Aurora, Seara (JBS) e Perdigão (BRF).
A Ceratti é uma companhia de capital fechado, fundada em 1932 e controlada pela família do seu fundador, o italiano Giovanni Ceratti. O carro-chefe da fabricantes de embutidos é a mortadela. A marca é a quarta colocada no ranking da Abras, na categoria mortadela na região da Grande São Paulo.
Mário Ceratti disse que a empresa tem obtido bons resultados com produtos porcionados, como mortadela e presunto fatiados em embalagens para consumo individual. A empresa começou a vender embutidos nesse formato em fevereiro, com volume mensal de 150 toneladas. Devido à aceitação em hipermercados e lojas de autosserviço, o volume deve dobrar até o fim do ano.
Segundo Barbosa, a companhia não quer depender apenas do aumento de demanda no autosserviço para crescer. E espera ampliar a distribuição fora do eixo-Rio São Paulo com a campanha de marketing.
A Ceratti contratou as agências Burst e Geek Group para desenvolver peças publicitárias e ações nas diferentes mídias. O investimento em marketing será de R$ 12 milhões. "A empresa nunca teve uma atuação de marketing consistente. Essa ação terá abrangência nacional e vai mostrar ao público que a Ceratti não é só mortadela", disse Barbosa.