Cepetro inaugura novo hub de pesquisa sobre transição energética
O novo centro receberá projetos de desenvolvimento de tecnologias e infraestrutura para a descarbonização da produção e exploração de petróleo e gás
Jornal da UnicampO Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Unicamp ganhou nesta terça-feira (27) um núcleo de excelência em pesquisas sobre a transição energética. Chamado de ETCR – da sigla em inglês para Centro de Pesquisas para Transição Energética –, o hub resulta de um acordo entre a Universidade e a empresa multinacional francesa TotalEnergies, acordo esse que prevê R$ 36 milhões em investimentos.
O novo centro receberá projetos abrangendo do desenvolvimento de tecnologias e infraestrutura para a descarbonização da produção e exploração de petróleo e gás até estudos relacionados à energia solar, à captura e ao sequestro de carbono, ao biogás e ao armazenamento de energia em baterias. O ETCR, com um total de 85 pesquisadores, já conta com 11 projetos em andamento.
“A instalação aqui no Cepetro desse novo centro só confirma uma característica da Unicamp: a de que estamos olhando essa questão da sustentabilidade há muito tempo e de forma muito abrangente”, disse o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, na cerimônia de lançamento do ETCR, realizada na sala do Conselho Universitário e que contou com a presença do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan.
“E isso nos traz um alerta: precisamos trabalhar no enfrentamento das mudanças climáticas e também na construção de uma economia que seja sustentável”, acrescentou.
Meirelles lembrou o projeto do HUB Internacional de Desenvolvimento Sustentável (HIDS), em processo de implantação no campus de Barão Geraldo (Campinas) da Unicamp. O projeto pretende reunir empresas de tecnologia em um espaço urbano sustentável que soma 11,3 milhões de metros quadrados. O reitor convidou a empresa francesa a montar um novo centro de pesquisa dentro do HIDS.
Agopyan lembrou que as universidades estaduais paulistas têm se destacado na produção científica do país e que isso vem produzindo um movimento inédito. “Hoje, as empresas estrangeiras já procuram as universidades brasileiras. Elas querem trabalhar conosco. Isso só mostra que a empresa confia no que estamos fazendo, no trabalho que está sendo desenvolvido aqui”, avalia o secretário.
Para a coordenadora-geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, o acordo “reflete o compromisso compartilhado pela academia e a empresa no caminho da transição energética”. De acordo com ela, “a Unicamp tem compromisso com a pesquisa de ponta”.
A diretora de pesquisa da TotalEnergies, Isabel Waclawek, lembrou que a empresa inaugurou três núcleos de pesquisa junto a universidades brasileiras com foco na transição energética – Unicamp, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao todo, segundo Waclawek, serão 41 projetos, somando R$ 181 milhões em investimentos.
“O que nós queremos com esse centro é ajudar o Brasil a se tornar uma potência mundial na área de transição energética, a transformar-se na potência que o país pode ser”, afirmou o diretor do Cepetro, Marcelo Souza de Castro.
Produção de biogás no Brasil
O novo hub pretende ampliar os conhecimentos sobre o e promover melhorias no setor de energia renovável. Um dos projetos do ETRC deve investigar a evolução do processo de produção de biogás no Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), o Brasil tem o potencial de produzir 84,6 bilhões de Nm³ (metros cúbicos normais) de biogás, sendo quase metade deste valor proveniente do setor sucroenergético. No entanto a capacidade instalada atual no país é de apenas 4,1 bilhões de Nm³, volume proveniente em grande parte dos aterros sanitários.
“Com esse projeto, estamos buscando criar pontes entre dois lados que muitas vezes não se conversam: o da produção científica com o da aplicação. Por isso, além de toda uma revisão da literatura e um levantamento de patentes, estamos indo a campo, visitando usinas de produção de biogás a partir de resíduos da cana-de-açúcar para entender quais são os gargalos que nos impedem de chegar mais próximo do potencial do biogás no país”, disse Bruna de Souza Moraes, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e pesquisadora associada do Cepetro.
Outros cinco projetos do ETRC visam desenvolver soluções tecnológicas para melhorar a segurança e o desempenho de usinas de energia solar.
Coordenados por Tárcio Barros, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp e coordenador do Laboratório de Energia e Sistemas Fotovoltaicos Marcelo Villalva (LESF-MV), os projetos vão abordar, entre outros assuntos, o desenvolvimento de um sistema de detecção e interrupção de arcos elétricos em usinas solares, um fenômeno que pode causar incêndios; o monitoramento de usinas em tempo real para detectar anomalias e quedas de performance; e o uso de inteligência artificial para a modelagem de dados reais em sistemas de geração solar.
Novas instalações do Lepo
Além do lançamento do novo ETCR, a cerimônia desta terça-feira testemunhou ainda a entrega das novas instalações do Laboratório de Eletrônica de Potência (Lepo). A reforma do espaço foi bancada com recursos da TotalEnergies e da Unicamp, por intermédio da Feec.
Também participaram do evento a pró-reitora de Pesquisa, Ana Frattini, o pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura, Fernando Coelho, o chefe do Gabinete do Reitor, Paulo César Montagner, diretores de unidade, professores e servidores.