Centro de pesquisa contra fraude na AL
Instalado em Campinas (SP), laboratório atuará em conjunto com as unidades da RSA, em Israel e nos EUA
Brasil EconômicoPassados exatamente treze anos desde a sua chegada ao Brasil, a RSA está ampliando sua operação no país. Durante a sua conferência anual que está sendo realizada nesta semana em San Francisco (EUA), a divisão de segurança da americana EMC anunciou que vai abrir um laboratório local de pesquisa e desenvolvimento, com foco exclusivo na análise de fraudes e ameaças digitais criadas pelos cibercriminosos de toda a América Latina. Instalada em Campinas, interior de São Paulo, a unidade irá atuar em conjunto com os outros dois centros globais de comando anti- fraude da RSA – de maior porte – instalados em Israel e nos Estados Unidos.
O investimento e o total de profissionais envolvidos no projeto não foram divulgados. Mais que os números da operação, no entanto, a RSA destacou a importância da iniciativa no contexto estratégico global da divisão. “Os hackers latino-americanos já são tão sofisticados quanto seus pares globais. Existem muitas técnicas e processos que são específicos dos cibercriminosos da região. O laboratório nos dará mais inteligência e conhecimento sobre o que está acontecendo nesse mercado”, afirmou Rogério Morais, vice-presidente e principal executivo da RSA para a América Latina e Caribe.
Sob esse contexto específico de ameaças na América Latina, Morais citou algumas particularidades do mercado brasileiro que abrem brechas para a exploração dos cibercriminosos locais no desenvolvimento de fraudes, como o volume ainda considerável de celulares pré-pagos, boletos de pagamento e cheques pré-datados.
Em avaliação pela RSA há mais de um ano, o novo laboratório tem previsão de início de operação em março. Como parte do processo de instalação, o time que integrará a unidade - formado exclusivamente por brasileiros – está passando por uma fase de treinamentos e de capacitação no centro da RSA em Israel, que responde por grande parte das descobertas, análises e divulgações de vulnerabilidades e ameaças globais, bem como pelo desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos sistemas ofertados pela divisão.
“Entre outras questões, o treinamento inclui orientações sobre como interagir e como se comportar nas investigações junto ao submundo do cibercrime”, disse Daniel Cohen, executivo líder do grupo de entrega de conhecimento e de desenvolvimento de negócios da RSA em Israel. “O centro trará mais visibilidade sobre a atividade dos hackers e as ameaças da região. A América Latina é um mercado relativamente novo, mas que está avançando muito rapidamente”, afirmou Cohen. Ele acrescentou que uma das características na região é a pouca interação entre os hackers brasileiros e os cibercriminosos latino-americanos, em virtude da barreira do idioma.
De acordo com dados da RSA, em2013,asperdasestimadasglobalmente com ataques digitais foram deUS$5,9bilhões.NaAméricaLatina,boapartedessesprejuízosesteve relacionada aos golpes de phishing, técnica na qual o hacker usa de expedientes para despertar a curiosidade do internauta e levá-lo a clicar em um link malicioso ou uma página infectada. A região respondeu por 4% dos ataques globais nessa modalidade no ano passado. Colômbia e Brasil figuraram entre os dez principais alvos globais, na oitava e décima colocação, respectivamente.
Na divisão dos ataques de phishing na região, a Colômbia concentrou 43% dos incidentes, seguida pelo Brasil, com 39%, e pelo México, com 8%.