01/02/10 10h29

Celltrovet já começa a emplacar tratamentos com células-tronco

Valor Econômico

Criada há cinco anos por iniciativa de um pesquisador russo que durante anos trabalhou nos laboratórios de universidades no Rio e em São Paulo, a Celltrovet, sediada na capital paulista, começa a se firmar no mercado veterinário com tratamentos baseados no uso de células-tronco de enfermidades comuns em cavalos, cães e gatos.

Pavel Kerkis, diretor comercial da empresa, explica que seu pai, Alexander Kerkis, estuda o uso de células-tronco para fins terapêuticos há 30 anos. Após escalas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade de São Paulo (USP), nasceu a ideia de focar as pesquisas em aplicações na área veterinária. Um projeto nesse sentido foi submetido em 2006 à Fapesp, que liberou R$ 100 mil (US$ 46 mil) e colaborou para tornar viável a consolidação da Celltrovet. Enrico J. C. Santos, diretor de inovação tecnológica da empresa e ex-aluno de Alexander Kerkis conta que o projeto foi dividido em três partes principais.

Na primeira, foi demonstrado que era viável extrair célula tronco com potencial terapêutico da gordura de um cavalo; em seguida vieram testes de aplicação da técnica em animais e a comprovação da viabilidade econômica do trabalho, e num terceiro momento a Celltrovet mostrou que poderia oferecer o serviço comercialmente, em larga escala. Os trabalhos com cães e gatos correram em paralelo. A empresa, que também contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), abriu, então, seu primeiro laboratório em São Paulo, e agora está de mudança para uma unidade maior que custou R$ 300 mil (US$ 160 mil). Atualmente são cinco pesquisadores nas bancadas.

O foco inicial das pesquisas, que foi a recuperação de um tendão lesionado de um equino, é, hoje, uma das principais fontes de renda da empresa. Nesta frente, normalmente os "pacientes" são cavalos de competição com lesões tendíneas ou problemas de ligamentos, fraturas ou fissuras. Além desses casos, cães e gatos são tratados com a nova tecnologia em casos de lesões renais e plasia de medula, o equivalente à leucemia em humanos. As células-troncos aplicadas são isoladas de gordura ou polpa dentária.

A Celltrovet vem formando desde 2006 um banco de estoques de células. A empresa conta, atualmente, com um estoque de 12 linhagens para o tratamento de equinos, coletadas em 12 animais diferentes. Para cães e gatos, são dez linhagens cada. Cada linhagem é composta por milhões de células. O banco tem de ser renovado com regularidades porque as linhas vão perdendo qualidade com o uso. Desenvolvida pela Celltrovet e testada em parcerias na USP e no Instituto Butantã, a tecnologia foi patenteada em 2005. Em equinos, o tratamento custa de R$ 3 mil (US$ 1,6 mil) (uma aplicação) a R$ 15 mil (US$ 8 mil) (três). Para cães e gatos, o ciclo de três aplicações sai por R$ 3 mil (US$ 1,6 mil).