Catanduva lidera o ranking de exportações na região
Catanduva, maior exportadora da região, promove evento para fomentar negócios internacionais entre empresas; pauta exportadora é diversificada, mas tem participação relevante do açúcar
Diário da RegiãoDestaque na região Noroeste paulista quando o assunto é comércio exterior, Catanduva trabalha para aumentar as potencialidades não apenas do município, mas de toda sua microrregião. Neste ano, até outubro, a cidade lidera o ranking regional de exportações, com um total de US$ 200 milhões vendidos ao exterior. Com isso, a cidade ocupa a 206ª posição no ranking de exportações no Brasil e a 48ª no Estado de São Paulo.
Dentro de uma das principais regiões sucroalcooleiras do País, 48% dos produtos exportados por Catanduva são açúcar e derivados da cana-de-açúcar, 25% essências e concentrados de café e 22% óleo de amendoim. Os principais parceiros que consomem os produtos fabricados na cidade são a China (30%), Itália (12%) e Japão (8,8%).
Dentro das importações, a cidade comprou US$ 7,16 milhões no acumulado do ano até outubro. Com isso, a cidade ficou na 165ª colocação no ranking estadual e na 647ª posição no ranking nacional entre os maiores importadores. Os produtos mais importados são torneiras e válvulas (22%), leite e nata (19%) e bombas para líquidos (14%). Os países dos quais as empresas mais compram são Itália (38%), China (28%) e Paraguai (15%).
Com base nesses números e no fomento do comércio exterior, a Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Catanduva criou o Núcleo ACE de Comércio Exterior (Nace), que tem como foco auxiliar os empresários da região a expandir os negócios no mercado internacional, com orientações, auxílio em procedimentos, identificação de potencial dos produtos, resolução de trâmites burocráticos, etc. “Queremos estimular as exportações na região, apresentar as empresas da região e fomentar os negócios”, afirmou Marcos Roberto Escobar, presidente da entidade, sobre o 1º Encontro Nace – Núcleo ACE de Comércio Exterior, no próximo dia 23.
A expectativa dos organizadores é reunir mais de 300 empresários para o evento que será promovido das 8h às 17h, no Schettini Eventos. Dentre os participantes estão Renato Pacheco Neto, cônsul da Suécia; Charles Tang, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Brasil/China; Miguel Lujan Paletta, presidente da Câmara de Indústria e Comércio do Mercosul e Américas; João Paulo Paixão, chefe do Escritório Internacional da Dubai Chamber of Commerce & Industry no Brasil; Damaris Eugênia, presidente do Conselho Brasileiro Empresas Comerciais Exportadoras; Higor Sarracini Lima, coordenador de produtos e serviços da Câmara Americana de Comércio de Ribeirão Preto e Fabio Malheiros, especialista em comércio exterior.
Segundo Escobar, o evento será a oportunidade também de oficializar a Câmara de Comércio Exterior que acaba de ser criada pela Associação. A ideia é facilitar o trabalho do empresário que vende e compra de fora, fazendo com que processos e procedimentos burocráticos ganhem agilidade e possam se desenrolar na própria cidade. “Queremos desburocratizar os procedimentos, emitir certidões, contatar despachantes, fazendo tudo aqui”.
Foco internacional
Fundada em 1970 em Catanduva, a indústria de cafés solúveis Cocam tem seu foco totalmente voltado ao mercado externo, desde a inauguração. A empresa vende suas linhas de produtos para 35 países, com destaque para Japão, Coreia, Estados Unidos, Argentina, entre tantos outros.
De acordo com José Roberto da Costa Gomes, gerente de planejamento de custos e orçamento da empresa, 80% do faturamento são oriundos das negociações com o exterior. A expectativa é fechar o ano em valores entre US$ 62 milhões e US$ 65 milhões com o segmento. “Fazemos nossa produção por encomenda para os clientes do exterior”, diz. Anualmente, são 12 mil toneladas de cafés produzidas, das quais dez mil vão para fora.
Atualmente, a indústria reúne uma equipe de 440 funcionários, incluindo a unidade de descafeinação – que presta serviço também para outras indústrias do ramo – além do escritório em São Paulo. “O mercado externo está bastante positivo, inclusive pelo dólar em alta. O que empata é que a matéria-prima subiu muito, então nosso produto acabou ficando mais caro lá fora”, disse.
A Usina São Domingos, em Catanduva, produz açúcar, etanol, bagaço, levedura e energia. O açúcar é o único produto destinado à exportação e representa mais de 50% do faturamento da usina. Segundo o diretor administrativo e financeiro, Juliano Ficher, na última safra foram exportados 100% da produção de açúcar, num total de 234 mil toneladas, que geraram mais de US$ 66 milhões de dólar de faturamento.
A São Domingos tem como seus principais parceiros comerciais as grandes tradings globais e o produto tem como principais destinos a Ásia, com 37% do volume (China 26% e Bangladesh 11%) e a África com 9% (Nigéria). “Com os níveis atuais de câmbio e preços e seguindo sua política de risco, a São Domingos já iniciou as suas fixações para as safras 22/23 e 23/24 utilizando-se das principais ferramentas de hedge do mercado com o objetivo de garantir as suas margens”, afirmou. (LM)
Pauta exportadora diversificada
Levantamento na Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, mostra que a pauta de produtos é diversificada na microrregião de Catanduva, mas a preponderância é o agronegócio e as cadeias que orbitam ao redor. Nesse grupo de 19 municípios, de janeiro a outubro, as exportações somaram US$ 406 milhões.
Novo Horizonte é destaque no período, com um total de US$ 61,3 milhões em exportações. Açúcares e álcool etílico são os produtos que constam na cartela, com destino especialmente aos Estados Unidos (28%) e Argélia (17%). Cem por cento das importações são tubos de borracha vulcanizada, que vem da China.
Em Itajobi, que vem logo em seguida como a segunda maior exportadora da microrregião, o destaque são os sumos de frutas, com 44% do total. Aparecem ainda citrinos frescos ou secos, com 26% do total, e óleos essenciais, com 18% das vendas. O município totalizou US$ 43,3 milhões. Os maiores compradores são Holanda (31%), Estados Unidos (26%) e Espanha (9,3%). Quando se fala em importação, o destaque são máquinas-ferramentas, com 43% do total, vindos da China (84%).
Paraíso é outro município com força nas exportações. Em dez meses, a cidade movimentou US$ 40 milhões, com sua totalidade ligada aos açúcares. Entre os destinos, 39% seguem para a China, 11% para a Malásia, 8% para Bangladesh, etc. Os óleos dominam a pauta importadora e vem dos Estados Unidos.
De acordo com o levantamento da Secretaria, que reúne 69 municípios que atuam com comércio exterior na região Noroeste Paulista, as exportações chegaram a US$ 1,739 bilhão e as importações, R$ 260,4 milhões no período de dez meses de 2021.
Em Rio Preto, no mesmo período, as vendas para o exterior totalizaram US$ 22,45 milhões, com destaque para preparações capilares (18%), carrocerias (12%) e artigos e aparelhos ortopédicos (9,2%). Os destinos são Estados Unidos (30%), Chile (13%) e Paraguai (7,8%). As importações totalizam US$ 117 milhões, dos quais 38% de peixes e 21% de diodos e transístores. Dividem a o envio de produtos a China (41%) e o Chile (39%). (LM)