25/04/11 11h17

Carros híbridos e elétricos puxam uso de plástico em peças

Valor Econômico

A aposta da indústria automobilística mundial nos modelos híbridos e elétricos abrirá novas fronteiras para a utilização de materiais plásticos na fabricação de veículos. Tendência já consolidada globalmente, a substituição de insumos como aço e ferro fundido por polímeros será impulsionada pela necessidade de autonomia dos carros que utilizam fontes alternativas de energia e deve resultar na concepção de peças que também serão utilizadas nos veículos convencionais.

Um estudo da fabricante química Lanxess, realizado em conjunto com instituições internacionais, mostrou que a demanda por plásticos de engenharia no setor deve crescer a um ritmo de 7% ao ano por veículo produzido até 2020. Atualmente, são utilizados em média 14 kg de poliamida 6 por automóvel. Considerando-se outros materiais poliméricos, esse volume vai a 120 kg, ou cerca de 10% do peso total. Esse aumento da demanda, acompanhado pelo crescimento da produção mundial de carros, tem estimulado a multinacional a ampliar seu foco no produto. Hoje, as vendas dos plásticos de engenharia representam 10% do faturamento global do grupo, que somou € 7,1 bilhões no ano passado.

"A estratégia global da Lanxess para 2011 é a poliamida 6. Acreditamos que a representação dos plásticos de engenharia em nossos resultados tende a crescer", diz o presidente da Lanxess Brasil, Marcelo Lacerda. Mais leve, com maior poder de absorção do impacto (e, portanto, mais seguro), e com maiores possibilidades de desenho industrial (design), a peça feita a partir de material polimérico acaba por contribuir para um dos principais desafios das montadoras: construir um carro que consuma cada vez menos combustível, tenha vida útil mais longa e emita menos poluentes.

Com lugar de destaque na produção de componentes externos e itens internos de acabamento, que antes eram fabricados a partir de aço, vidro ou ferro fundido, os plásticos já chegaram ao conjunto motriz (powertrain), que exige materiais resistentes a altas temperaturas. Nos híbridos e elétricos, devem se tornar cada vez mais presentes sobretudo nas baterias, que representam o coração desses modelos. Para Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil, entidade que reúne engenheiros que atuam em indústrias relacionadas à mobilidade, o uso do plástico somente tende a crescer, embora ainda haja desafios, especialmente os relacionados a custos.

Para a gerente de Engenharia de Materiais e Elementos de Fixação da GM Brasil, Rita Binda, além do custo, outro importante fator que limita a disseminação do plástico em veículos está relacionado a performance. Para aplicações convencionais, como partes externas, os plásticos não mais representam custo adicional. Contudo, aqueles com alta resistência à temperatura, por exemplo, têm preço superior.