07/11/14 14h57

Carro e moda aquecem a economia paulistana

Valor Econômico

A maior cidade do país recebe nesta semana cerca de 400 mil turistas que chegaram a São Paulo para acompanhar três grandes eventos e fazem girar caixas registradoras de hotéis, bares e restaurantes. Somados, Salão Internacional do Automóvel, Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontecem nesta semana, estão movimentando na capital paulista vendas de R$ 570 milhões em dez dias, segundo projeções de executivos do setor e da São Paulo Turismo (SPTuris), órgão municipal de promoção turística.

Essa circulação extra de dinheiro e de gente na cidade estimula uma recuperação no turismo paulistano em 2014. Segundo a Abracorp, as viagens negócios no país - cuja participação de São Paulo está na casa dos 40% - registrou no terceiro trimestre a primeira retração de vendas desde 2010, ao movimentar R$ 3,3 bilhões em comercialização de passagens, diárias de hotéis, locação de veículos e refeições em bares e restaurantes.

"O retorno direto com turismo gerado pela Fórmula 1 para a cidade é seis vezes maior do que o investimento que fazemos todo ano", disse o secretário especial para Assuntos de Turismo e presidente da SPTuris, Wilson Poit, referindo-se gastos realizados no autódromo de Interlagos para receber a prova, que integra o calendário da principal categoria do automobilismo mundial.

A Fórmula 1 vendeu 142 mil ingressos para torcedores do automobilismo. Desse total, 85 mil foram comprados por gente de lugares fora de São Paulo. Segundo empresários de hotéis, bares e restaurantes da capital, esse público tem um gasto médio mais alto que a média do turista de negócios que frequenta São Paulo.

"Estamos desde a segunda-feira com 100% de ocupação", disse Giovanna Sidelsky, supervisora de reservas e eventos do Quality Long Stay Vila Olímpia, unidade da Atlantica Hotels, segunda maior rede hoteleira do país.

Ela afirmou que 60% desse público são de estrangeiros, principalmente argentinos,
chilenos e uruguaios que veem para o Salão do Automóvel e já ficam para o GP. "É um público que consome mais restaurante, bar e room service que o hóspede tradicional de negócios. O hotel fatura mais".

A expectativa da prefeitura é que a prova - que começa oficialmente com os treinos dias 7 e 8, antes do GP, no domingo - deste ano supere os R$ 260 milhões movimentados na economia da cidade com o turismo.

Executivos do setor turístico apontam que o impacto positivo do GP de F1 este ano será ampliado pela realização do Salão Internacional do Automóvel, que ocorre a cada dois anos. Segundo os organizadores, mais de 750 mil pessoas vão passar pelo Anhembi, sendo que desse universo 300 mil são turistas.

Os turistas brasileiros e estrangeiros, juntamente com os paulistanos que circulam na cidade por causa da F1 durante esse período, vão gerar vendas de R$ 260 milhões para hotéis, bares, restaurantes e casas noturnas apontam executivos do setor.

No Radisson Faria Lima, por exemplo, mais de 500 diárias foram vendidas a estrangeiros que vieram apenas para acompanhar o GP e o Salão do Automóvel. Por isso, esses eventos são importantes para o turismo paulistano que sofreu este ano com a Copa do Mundo de Futebol Fifa e com as eleições, aponta o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Edmar Bull.

O executivo lembra que São Paulo é um destino que faz mais de dois terços de sua receita turística com eventos e viagens de negócios - justamente o segmento que mais perdeu demanda com a realização do mundial de futebol e com as eleições.

Os empresários ressaltam que esses três eventos mesmo quando têm características de negócios, como o Salão do Automóvel e a SP Fashion Week (SPFW), acabam fazendo turistas e residentes em São Paulo circularem e gastarem mais que em períodos de agenda vazia.

No caso da 38ª edição da SPFW, um universo de 37 marcas de estilistas e empresas vão mostrar criações para um público estimado de 100 mil pessoas, sendo cerca de 15 mil vindos de fora de São Paulo. O impacto econômico desse evento, que ocupa o Parque Cândido Portinari, na capital, é de R$ 45 milhões, segundo projeções da SPTuris.

A maior movimentação de turistas, e mesmo de paulistanos, nesta passagem de outubro para novembro por conta dos eventos, aumentou a taxa de ocupação nos hotéis e alimentou a demanda em bares e restaurantes.

Depois de registrar taxa de ocupação média de 67,4% e uma diária média de R$ 337,00 entre julho e setembro, os hotéis paulistanos estão trabalhando agora com indicadores na casa de 70% e de R$ 345,00 respectivamente.

Da mesma forma, os restaurantes de São Paulo, em especial nas regiões dos Jardins, Pinheiros, Vila Madalena, Tatuapé e Bela Vista, apresentaram uma retomada do movimento. Segundo a SP Turis, 75% dos empresários consultados afirmaram que o movimento está melhor que em julho, mês final da Copa.