15/04/11 10h52

Carrefour no país se torna segunda operação global

Valor Econômico

Em meio a uma conturbada fase de mudanças, com reorganização das estruturas e venda de negócios, o grupo francês Carrefour informou ontem os resultados do trimestre. De janeiro a março, as vendas globais do grupo somaram € 24,7 bilhões, uma expansão de 3,9% em relação ao mesmo intervalo de 2010. Pelo critério "mesmas lojas", porém, a alta foi de tímidos 0,8%. A rede deixa claro que continua a sentir nas vendas os efeitos da apatia do mercado europeu, mas um dos principais indicadores positivos envolveu a subsidiária brasileira.

O Brasil se tornou a segunda maior operação do grupo de varejo no mundo. Essa era uma meta discretamente discutida internamente há anos. No acumulado de janeiro a março, o país ultrapassou (por apenas € 35 milhões) os negócios na Espanha e hoje segue atrás da operação na França, de acordo com os resultados das filiais no mundo. Há cerca de três anos, o então presidente da rede no país, Jean Marc Pueyo, comentou que o plano era alcançar essa posição até 2015. No primeiro trimestre de 2011, o Carrefour faturou € 3,304 bilhões (R$ 7,6 bilhões) no Brasil, enquanto na Espanha obteve € 3,269 bilhões. A França fatura três vezes a soma apurada no Brasil, o que torna extremamente difícil que a filial brasileira vá além da posição obtida hoje.

Além disso, pelos números já publicados pelo mercado, ainda há outro dado relevante. No primeiro trimestre, o Carrefour vendeu mais que o Grupo Pão de Açúcar, se consideradas bases semelhantes de comparação. O negócio batizado de GPA Alimentar, que inclui as vendas de supermercados, hipermercados, farmácias, postos, atacado e venda on-line de alimentos, somou faturamento bruto de R$ 6,640 bilhões (US$ 4,2 bilhões), e o rival Carrefour totalizou € 3,304 bilhões (R$ 7,6 bilhões). No Carrefour, entram na conta os mesmos negócios analisados no caso do GPA - excluindo a rede Dia, que o Carrefour calcula de forma separada.

Em 2010, a situação se repete. O Carrefour somou vendas de € 12,459 bilhões (R$ 27,8 bilhões), enquanto o GPA Alimentar faturou R$ 26,131 bilhões (US$ 16,3 bilhões). No entanto, em termos de "mesmas lojas", um dos melhores indicadores da operação do varejo, o GPA Alimentar cresceu 9,3% e o Carrefour, 5,5%. O ranking oficial do mercado a ser publicado em maio pela Abras, a entidade do setor supermercadista, vai anunciar como líder o grupo Pão de Açúcar, pois esse ranking inclui todos os negócios da rede (como Globex e Casas Bahia). Somando tudo, a receita da cadeia supera R$ 36 bilhões (US$ 22,5 bilhões).

Nos dados do Carrefour no Brasil relatados ontem, não há número sobre lucro operacional e margem Ebitda. Portanto, não é possível saber se a operação tem ampliado a rentabilidade. Além disso, o que puxa os resultados do Carrefour são as vendas do Atacadão, enquanto a operação do GPA Alimentar tem uma participação menor do negócio de atacado, um dos que mais cresce no Brasil. De acordo com o comando da rede francesa, a expansão do grupo no primeiro trimestre em vendas "foi em grande parte impulsionada pela América Latina e Ásia, notadamente Brasil e China", informou ontem em nota Lars Olofsson, CEO mundial do grupo.