13/04/11 14h19

Carlyle e Paulus negociam CVC com o TUI

Valor Econômico

O fundo americano de private equity Carlyle e o empresário Guilherme Paulus estão em conversas com o grupo alemão TUI, um dos maiores operadores de turismo do mundo, que se mostrou interessado em comprar a CVC, maior operadora de agências de viagem do Brasil, dona de cerca de 70% do mercado. Segundo apurou o Valor, a TUI, que fatura € 16 bilhões por ano, aproximou-se do Carlyle há cerca de dois meses, o que teria motivado o fundo a pisar o pé no freio no processo de abertura de capital da CVC, previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano. Com faturamento estimado em R$ 3,2 bilhões (US$ 1,8 bilhão) em 2010 - e previsão de R$ 11 bilhões (US$ 6,9 bilhões) em 2011 -, a CVC é controlada pelo Carlyle, com 63,6%. Guilherme Paulus, fundador da CVC e presidente do conselho de administração da empresa, detém 36,4%.

A aproximação da TUI já ocorreu outras vezes. O movimento anterior foi feito há dois anos, quando o presidente da CVC, Valter Patriani, chegou a visitar a sede da TUI na Alemanha. As negociações não avançaram. Nesse meio tempo, o Carlyle fechou a compra dos 63,6% da CVC - negócio estimado em R$ 700 milhões (US$ 437,5 milhões). Procurado pela reportagem, Guilherme Paulus nega a aproximação com a TUI. Por meio da assessoria de imprensa, o empresário informa que "no passado, CVC e TUI tiveram uma aproximação comercial, para trocar experiências, fazer 'benchmarking' e discutir parcerias comerciais". Fernando Borges, presidente do Carlyle no Brasil, também negou que haja tratativas.

A TUI controla o sistema de vendas e reservas de diárias de hotéis Hotelbeds, que opera no Brasil. A empresa foi procurada, mas o executivo que representa a subsidiária no país não pôde se pronunciar porque está em férias. O grupo alemão também faz voos fretados da Europa para o mercado brasileiro, sobretudo para destinos das regiões Norte e Nordeste, em cidades como Fortaleza e Natal. O interesse da TUI no Brasil é estratégico, segundo analistas ouvidos pelo Valor. A economia na Europa está praticamente estagnada, enquanto os mercados emergentes crescem ano a ano. Por isso, a TUI vem fazendo várias aquisições, como Rússia e China.

A vantagem do Brasil em relação aos demais emergentes é que os países, em geral, têm mercados bastante pulverizado, enquanto a CVC praticamente domina o mercado doméstico. O Brasil também se tornou extremamente atraente para as empresas em razão do potencial de crescimento do mercado de turismo e da realização dos eventos Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. "A aquisição também faz sentido porque é difícil para uma empresa montar operação do nada, sem relacionamento com agências e hotéis, poder de barganha com os fornecedores e capilaridade de distribuição", diz um consultor que não quis se identificar.

Em janeiro do ano passado, quando a negociação com o Carlyle foi divulgada, o presidente da CVC, Valter Patriani, afirmou que a empresa quer dobrar de tamanho em cinco anos. Até 2015, a CVC quer ter 800 lojas exclusivas, 4 milhões de pacotes turísticos vendidos e 16 mil agentes de viagens independentes credenciados. Ainda como parte do seu plano de expansão, a CVC quer iniciar um processo de internacionalização na América Latina, onde pode protagonizar um movimento de consolidação.